Hoje eu tinha que trocar o óleo e filtro da moto, para isso dependia da ajuda do Roger, que tinha o endereço do mecânico que faria esse serviço na cidade de Chilliwack.
O Roger resolveu dormir até mais tarde, mas me passou, via Whatsapp, o endereço do mecânico.
Fui tomar café, que nesse hotel estava incluso na diária, e lá encontrei um casal de motociclistas que estava se dirigindo ao Alasca - O Pete e a Alexandra.
Conversamos bastante, eles me passaram dicas muito úteis sobre lugares interessantes e de baixo custo para se conhecer na costa do estado de Washington, que é o estado que eles moram e através do qual eu iria entrar nos EUA.
Enquanto arrumava minhas coisas na moto, o Pete e a Alexandra passaram, já de moto, para se despedir e tirarmos umas fotos, que infelizmente também foram deletadas quando formatei o SD card da máquina, sem ter feito backup.
Como demorei um pouco na função de arrumar a bagagem na moto, o Roger já tinha acordado e resolveu me acompanhar até o mecânico, de onde ele iria embora, já para entrar para os EUA, pois estávamos a apenas 30 quilômetros da fronteira.
Fred, o mecânico, é natural do Paraguai, casado com uma alemã e moram á muitos anos no Canadá. É motociclista e, em sua casa, dá apoio à motociclistas que estão viajando por este mundo afora, inclusive dando pouso para quem precisa.
Ele é mecânico, porém para os que estão viajando de moto, ele cede a estrutura da sua oficina, sem custo algum, aos viajantes que queiram fazer manutenção da sua moto ali. Foi o que ele fez: colocou minha moto no elevador e emprestou todas as ferramentes necessárias.
Fomos em sua caminhonete comprar o óleo para a moto (filtro eu já tinha) e passamos em um açougue comprar carne para fazermos um churrasco depois da troca de óleo.
Depois de concluído o serviço, fizemos o churrasco e ficamos conversando sobre viagens de moto, pois o Fred, juntamente com sua esposa (que também pilota moto) costuma participar de encontros de moto nos EUA e também no México.
Aí está uma foto do Fred (tirada com meu celular)
Cheguei no posto fronteiriço às 17:55 e eu era o único a passar, não havia absolutamente mais ninguém. Tinha dois oficiais da U.S. Customs and Border Protection conversando, devido a não ter nenhum movimento.
De posse dos passaportes ele falou algo para mim (que eu não entendi muito bem) mas creio que estava se referindo à um papel.
E que papel seria esse?
É o formulário I-94.
Quando eu entrei nos EUA, vindo do México no dia 20 de junho, além do procedimento normal de entrada, foi me dado um um pequeno papel (I-94) aonde, no verso, estava escrito que eu deveria rete-lo comigo até minha saída do país.
Antigamente, segundo soube, esse formulário era dado a todos que entravam nos EUA, seja por via terrestre, aérea ou marítima porém, creio eu, atualmente ele só é dado por quem entra por via terrestre nos EUA.
Naquela noite, no hotel na cidade de Alpine (Texas), fui ler o que estava escrito no tal papel e constatei que ele deveria ser entregue ao oficial da imigração canadense, quando eu deixasse os Estados Unidos. Foi o que fiz no dia 27 de junho quando deixei os EUA e entrei no Canadá pela província de Alberta.
Pois agora aquele oficial queria o I-94. Falei para ele que tinha sido entregue à oficial de imigração do Canadá, na província de Alberta, quando entrei naquele país.
Bom, o cara começou a falar um monte de coisas e eu, nessas alturas, nem estava a fim de saber o que ele estava falando, só repetia para ele que o papel tinha sido retido pela oficial de imigração canadense - depois de ter passado em tantas fronteiras acabei ficando meio abusado.
Em dado momento ele mudou o discurso e entendi que ele queria saber quando entrei nos Estados Unidos e quantos dias tinha ficado até sair para o Canadá.
Ah!!! Tá de sacanagem comigo né amigo???
Qualquer cidadão, de qualquer parte do mundo, que já tenha entrado nos Estados Unidos pode acessar o site da US Custom and Border Protection e consultar lá, colocando seus dados pessoais e o número do último passaporte com o qual entrou nos EUA, todo o seu histórico de entrada e saída daquele país.
Quer ver? Acessa o link abaixo e clica em "View Travel History" e coloca seus dados, juntamente com o número do último passaporte que você entrou nos EUA e verá todas seu histórico de visitas.
US Custom and Border Protection.
Estou à 3 meses viajando, entrando e saindo de um monte de países, como é que vou guardar de cabeça que dia entrei e que dia saí dos EUA (tem ocasiões que nem o dia da semana eu sei qual é).
Eu até tenho esses dados em meu computador, com o local, data e hora exatas de cada passagem pelas fronteiras, e também relatado neste blog, mas assim, de cabeça, sem condições. Pensei em dar um adesivo do blog para ele consultar lá, mas melhor não.
Apenas disse que não me lembrava.
O que ele poderia fazer? Não me deixar entrar nos EUA?
Aí eu vi que ele ficou envaretado. Falou que iria reter meus passaportes e mandou que eu estacionasse mais adiante, em uma área delimitada, e aguardasse à porta de uma sala.
Eu estava indo para a temida "salinha", que é o lugar em que os estrangeiros, quando chegam aos EUA (normalmente por via aérea), e, mesmo tendo o visto americano, pelos motivos mais diversos passam por uma entrevista que pode resultar em sua negativa de entrada em território americano - voltam dali mesmo para seus países de origem, no primeiro vôo.
Eu estava tranquilo, não havia feito nada de errado
Fiquei naquela área aguardando alguns minutos e pensando na situação insólita que estava se configurando. Se ele negasse meu ingresso nos EUA eu teria que voltar ao Canadá com a minha moto e ia fazer o quê?
Após alguns poucos minutos ele apareceu na porta da "salinha" e então me mandou entrar.
Sentou em frente a um computador com os meus passaportes na mão. Depois de um tempo consultando meus dados no computador, me fez algumas perguntas e conforme eu ia respondendo ele verificava com os dados que ele tinha no computador. Passados mais alguns minutos ele, surpreendentemente, mudou de atitude e, educadamente, emitiu então um outro formulário I-94 (grampeando no meu passaporte), e liberou minha entrada no país, dando-me boas vindas aos EUA.
Mais uma vez fui ler o que estava escrito no verso do formulário e vi que eu, nem a oficial de imigração canadense ao reter o papel, havíamos feito nada de errado.
Era exatamente isso que estava escrito lá: entregar o formulário ao oficial canadense de imigração se estiver deixando os EUA em direção ao Canadá por via terrestre, à companhia aérea se estiver saindo do país de avião e ao oficial de imigração norte-americano, se estiver saindo dos EUA para o México por via terrestre.
Vejam abaixo com seus próprios olhos o que está escrito no papel;
Todo esse rolo não demorou muito pois às 18:20 estava entrando novamente nos EUA.
A princípio eu não esperava estar entrando tão tarde assim nos EUA, apesar de ainda ser dia, e decidi então rodar só mais um pouco e procurar um lugar para pernoitar.
Rodei mais uns 50 km e, logo após chegar na I-50 (uma rodovia interestadual que corta os EUA de norte a sul, da fronteira do Canadá à fronteira com o México), parei em um motel na cidade de Bellingham.
Eu havia entrado nos EUA pelo estado de Washington e iria descer para o sul, a partir dalí, pelos estados de Oregon e Califórnia, utilizando na maior parte do tempo essa I-50, para agilizar meu deslocamento.
O ideal seria descer para o sul utilizando a famosa 101, uma rodovia cênica que vai acompanhando o Oceano Pacífico por quase toda a costa oeste americana, com paisagens muito bonitas, mas o que me interessava agora era ganhar tempo e para isso nada melhor do que rodar nas auto-estradas.
Rodei nesse dia 96 km.
Coordenadas do hotel: N48° 44.019' W122° 28.150'
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