segunda-feira, 31 de julho de 2017

77º dia - Destino Bellingham - Estado de Washington (EUA)

Dia 12 de julho de 2017.

Hoje eu tinha que trocar o óleo e filtro da moto, para isso dependia da ajuda do Roger, que tinha o endereço do mecânico que faria esse serviço na cidade de Chilliwack.
O Roger resolveu dormir até mais tarde, mas me passou, via Whatsapp, o endereço do mecânico.

Fui tomar café, que nesse hotel estava incluso na diária, e lá encontrei um casal de motociclistas que estava se dirigindo ao Alasca - O Pete e a Alexandra.

Conversamos bastante, eles me passaram dicas muito úteis sobre lugares interessantes e de baixo custo para se conhecer na costa do estado de Washington, que é o estado que eles moram e através do qual eu iria entrar nos EUA.

Enquanto arrumava minhas coisas na moto, o Pete e a Alexandra passaram, já de moto, para se despedir e tirarmos umas fotos, que infelizmente também foram deletadas quando formatei o SD card da máquina, sem ter feito backup.

Como demorei um pouco na função de arrumar a bagagem na moto, o Roger já tinha acordado e resolveu me acompanhar até o mecânico, de onde ele iria embora, já para entrar para os EUA, pois estávamos a apenas 30 quilômetros da fronteira.

Fred, o mecânico, é natural do Paraguai, casado com uma alemã e moram á muitos anos no Canadá. É motociclista e, em sua casa, dá apoio à motociclistas que estão viajando por este mundo afora, inclusive dando pouso para quem precisa.

Ele é mecânico, porém para os que estão viajando de moto, ele cede a estrutura da sua oficina, sem custo algum, aos viajantes que queiram fazer manutenção da sua moto ali. Foi o que ele fez: colocou minha moto no elevador e emprestou todas as ferramentes necessárias.

Fomos em sua caminhonete comprar o óleo para a moto (filtro eu já tinha) e passamos em um açougue comprar carne para fazermos um churrasco depois da troca de óleo.

Depois de concluído o serviço, fizemos o churrasco e ficamos conversando sobre viagens de moto, pois o Fred, juntamente com sua esposa (que também pilota moto) costuma participar de encontros de moto nos EUA e também no México.

Aí está uma foto do Fred (tirada com meu celular)

Saí da casa do Fred às 16:25 e fui direto para fazer minha entrada nos EUA através da cidade de Abbotsford (Canadá).

Cheguei no posto fronteiriço às 17:55 e eu era o único a passar, não havia absolutamente mais ninguém. Tinha dois oficiais da U.S. Customs and Border Protection conversando, devido a não ter nenhum movimento.

Avancei com a moto até o posto, dei meus dois passaportes para o oficial: um com o visto americano válido por 10 anos (passaporte antigo) e o meu passaporte novo, aonde eles carimbam minha entrada nos EUA.

De posse dos passaportes ele falou algo para mim (que eu não entendi muito bem) mas creio que estava se referindo à um papel.

E que papel seria esse?

É o formulário I-94.

Quando eu entrei nos EUA, vindo do México no dia 20 de junho, além do procedimento normal de entrada, foi me dado um um pequeno papel (I-94) aonde, no verso, estava escrito que eu deveria rete-lo comigo até minha saída do país.

Antigamente, segundo soube, esse formulário era dado a todos que entravam nos EUA, seja por via terrestre, aérea ou marítima porém, creio eu, atualmente ele só é dado por quem entra por via terrestre nos EUA.

Naquela noite, no hotel na cidade de Alpine (Texas), fui ler o que estava escrito no tal papel e constatei que ele deveria ser entregue ao oficial da imigração canadense, quando eu deixasse os Estados Unidos. Foi o que fiz no dia 27 de junho quando deixei os EUA e entrei no Canadá pela província de Alberta.

Pois agora aquele oficial queria o I-94. Falei para ele que tinha sido entregue à oficial de imigração do Canadá, na província de Alberta, quando entrei naquele país.

Bom, o cara começou a falar um monte de coisas e eu, nessas alturas, nem estava a fim de saber o que ele estava falando, só repetia para ele que o papel tinha sido retido pela oficial de imigração canadense - depois de ter passado em tantas fronteiras acabei ficando meio abusado.

Em dado momento ele mudou o discurso e entendi que ele queria saber quando entrei nos Estados Unidos e quantos dias tinha ficado até sair para o Canadá.

Ah!!! Tá de sacanagem comigo né amigo???

Qualquer cidadão, de qualquer parte do mundo, que já tenha entrado nos Estados Unidos pode acessar o site da US Custom and Border Protection e consultar lá, colocando seus dados pessoais e o número do último passaporte com o qual entrou nos EUA, todo o seu histórico de entrada e saída daquele país.

Quer ver? Acessa o link abaixo e clica em "View Travel History" e coloca seus dados, juntamente com o número do último passaporte que você entrou nos EUA e verá todas seu histórico de visitas.

US Custom and Border Protection.

Estou à 3 meses viajando, entrando e saindo de um monte de países, como é que vou guardar de cabeça que dia entrei e que dia saí dos EUA (tem ocasiões que nem o dia da semana eu sei qual é).

Eu até tenho esses dados em meu computador, com o local, data e hora exatas de cada passagem pelas fronteiras, e também relatado neste blog, mas assim, de cabeça, sem condições. Pensei em dar um adesivo do blog para ele consultar lá, mas melhor não.

Apenas disse que não me lembrava.

O que ele poderia fazer? Não me deixar entrar nos EUA?

Aí eu vi que ele ficou envaretado. Falou que iria reter meus passaportes e mandou que eu estacionasse mais adiante, em uma área delimitada, e aguardasse à porta de uma sala.

Eu estava indo para a temida "salinha", que é o lugar em que os estrangeiros, quando chegam aos EUA (normalmente por via aérea), e, mesmo tendo o visto americano, pelos motivos mais diversos passam por uma entrevista que pode resultar em sua negativa de entrada em território americano - voltam dali mesmo para seus países de origem, no primeiro vôo.

Eu estava tranquilo, não havia feito nada de errado

Fiquei naquela área aguardando alguns minutos e pensando na situação insólita que estava se configurando. Se ele negasse meu ingresso nos EUA eu teria que voltar ao Canadá com a minha moto e ia fazer o quê?

Após alguns poucos minutos ele apareceu na porta da "salinha" e então me mandou entrar.

Sentou em frente a um computador com os meus passaportes na mão. Depois de um tempo consultando meus dados no computador, me fez algumas perguntas e conforme eu ia respondendo ele verificava com os dados que ele tinha no computador. Passados mais alguns minutos ele, surpreendentemente, mudou de atitude e, educadamente, emitiu então um outro formulário I-94 (grampeando no meu passaporte), e liberou minha entrada no país, dando-me boas vindas aos EUA.

Mais uma vez fui ler o que estava escrito no verso do formulário e vi que eu, nem a oficial de imigração canadense ao reter o papel, havíamos feito nada de errado.

Era exatamente isso que estava escrito lá: entregar o formulário ao oficial canadense de imigração se estiver deixando os EUA em direção ao Canadá por via terrestre, à companhia aérea se estiver saindo do país de avião e ao oficial de imigração norte-americano, se estiver saindo dos EUA para o México por via terrestre.

Vejam abaixo com seus próprios olhos o que está escrito no papel;


Todo esse rolo não demorou muito pois às 18:20 estava entrando novamente nos EUA.

A princípio eu não esperava estar entrando tão tarde assim nos EUA, apesar de ainda ser dia, e decidi então rodar só mais um pouco e procurar um lugar para pernoitar.

Rodei mais uns 50 km e, logo após chegar na I-50 (uma rodovia interestadual que corta os EUA de norte a sul, da fronteira do Canadá à fronteira com o México), parei em um motel na cidade de Bellingham.

Eu havia entrado nos EUA pelo estado de Washington e iria descer para o sul, a partir dalí, pelos estados de Oregon e Califórnia, utilizando na maior parte do tempo essa I-50, para agilizar meu deslocamento.

O ideal seria descer para o sul utilizando a famosa 101, uma rodovia cênica que vai acompanhando o Oceano Pacífico por quase toda a costa oeste americana, com paisagens muito bonitas, mas o que me interessava agora era ganhar tempo e para isso nada melhor do que rodar nas auto-estradas.

Rodei nesse dia 96 km.
Coordenadas do hotel: N48° 44.019' W122° 28.150'

Nenhum comentário:

Postar um comentário