quinta-feira, 3 de agosto de 2017

80º dia - Destino Willows - Califórnia (USA)

Dia 15 de julho de 2017.

Acordei cedo (finalmente) pois tinha que chegar na cidade de Chico e tentar sensibilizar o pessoal  da concessionária BMW a mexer na minha moto ainda hoje, senão só na terça-feira .

Aqui nos EUA as concessionárias de moto fecham no sábado de tarde e só reabrem na terça-feira, segundo me explicou o pessoal que trocou o pneu da minha moto ontem.

Fui para a estrada e fiquei pensando, naqueles primeiros minutos, qual seria o motivo que eu não conseguia um chip pré-pago para o meu celular, e então caiu a ficha.

Claro, norte-americano conhece só uma meia dúzia de marcas de "cell phone".

Primeiro Iphone, segundo Iphone, terceiro Iphone, quarto Samsung e depois, bem depois mesmo, vem Sony, Motorolla, etc e só.

O resto é bomba.

Asus??? Por experiência própria, eles simplesmente desconhecem a marca e, sem ao menos se darem ao trabalho de abrir o celular para ver se o "slot" aceita o chip deles, dizem que não tem SIM Card para o celular.

Por isso que nas cidades de Presídio e Alpine (Texas) e mais recentemente na cidade de Centralia (Oregon), não obtive exito em conseguir o tão desejado Prepaid SIM Card.

Foi quando me lembrei que havia trazido de casa, lá no fundo da bolsa amarela que transporto em cima do banco, um Samsung S4 Mini, como backup. Se por qualquer motivo meu Asus estragasse eu botava o S4 Mini no serviço novamente.

Tracei então minha estratégia: assim que possível iria parar em uma loja da Best Buy, que também vende chips pré-pago e apresentaria meu cell phone Samsung - quero ver como será a reação do atendente.

Saí então às 07:15 do hotel e, após alguns quilômetros rodados na I-5, peguei a Highway 99 com destino à cidade de Chico.

É muito bom pilotar por essas estradas secundárias, porquê elas passam por uma infinidade de cidades pequenas e pequenas propriedades (fazendas), além do que a velocidade máxima permitida nessas rodovias é menor, então você obrigatoriamente vai curtindo cada detalhe ao longo da estrada. O único porém é que se faz menos quilômetros por dia, mas tendo tempo disponível vale a pena, vale cada quilômetro rodado.

Cheguei às 08:40 na concessionária e o mecânico, vendo a moto carregada, veio imediatamente falar comigo.

Eu, ansioso por ter o problema resolvido, tentei explicar para ele qual o mal que me afligia, ou melhor, qual o mal que afligia a Azulona.

Usei todos meus conhecimentos de inglês e espanhol (que aqui na Califórnia também vale) mas o que ele entendeu mesmo foi o meu domínio da mímica: apontei para a suspensão dianteira da moto manchada de óleo.

Bom, o sujeito olhou para a suspensão da Azulona, começou a falar e apontou pra dentro da oficina. Entendi que ele podia fazer o serviço, só não consegui entender quando. Se faria hoje, sábado, ou só a partir de terça-feira.

Aí perguntei para ele se o serviço podia ser feito hoje, senão, eu me dispunha a ficar na cidade até o serviço ser executado.

Ele disse que sim, hoje mesmo seria feito, porém tinha outros serviços na frente, e eu teria que esperar.

Sem problemas amigo, espero o tempo que for preciso. Olhei nas imediações da concessionária e vi que havia restaurantes, fast-food, um "Mall", além do que a concessionária disponibilizava Wi-Fi para os clientes.

Pronto, não preciso de mais nada para esperar.

Descarreguei a bagagem da moto, levei tudo para dentro da concessionária, troquei de roupa (coloquei uma bermuda, chinelo de dedo e camiseta) e me instalei em uma poltrona, com direito a ar condicionado - a coisa tinha sido melhor do que eu esperava.

Me "espraiei" pela concessionária.



Tinha lá fora uma BMW da Califórnia Highway Patrol (CHIPs) aguardando manutenção. 

Quem não lembra do seriado CHIP's, dos anos 70?? Com os patrulheiros John Baker e o Frank Poncherello. As motos daquela época eram outras (Kawasaki), mas o símbolo da corporação continua quase igual. 





Bons tempos, né?


Perto das 13:00 fui almoçar em um Burger King, pertinho dali. Foi quando cheguei à conclusão que estou ficando viciado em bacon. No café da manhã, desde que entrei nos EUA, eu escolho sempre a opção que tenha bacon, no almoço também, tem que ter bacon. No Canadá não foi diferente e agora, quando entro em algum fast food, seja para tomar café da manhã ou almoçar, já vou logo procurando  qualquer coisa que tenha bacon.

Nos dias que não consumo bacon me dá tremedeira. Quando voltar ao Brasil vou ter que procurar um grupo de apoio aos BA.

O serviço na moto só foi começar lá pelas 14:00 e já era passado dás 17:00 quando finalmente ficou pronto. A mão de obra aqui nos EUA é muito cara: o conserto da moto custou USD 450,00 sendo que só de mão de obra foi mais de USD 300,00. Mas enfim, a partir de agora não tinha mais nada que me preocupasse em termos de manutenção, a partir de agora é só abastecer e seguir viagem.

Mais uma concessionária que vale a pena ser recomendada. Me deram todo o apoio que eu precisava, pediram mil desculpas por eu ter que esperar aquele tempo todo pela execução do serviço e ainda me deram uma camiseta de brinde na hora de ir embora.

Então, segue abaixo o link e as coordenadas dessa concessionária.

BMW of Chico (Ozzie's BMW Center)

Coordenadas: N39° 45.610' W121° 50.605'

 Ás 17:30 saí com destino à cidade de Willows, cerca de 50 km ao leste de onde eu estava. Tinha aproveitado o tempo de espera para reservar um hotel nessa cidade, onde cheguei às 18:15.

Amanhã seria o dia de cruzar a cidade de San Francisco,  passando pela famosa Golden Gate Bridge e descer a, também famosa, Lombard Street, uma ladeira em ziguezague que já apareceu em inúmeros filmes e seriados americanos.

Rodei hoje 171 km.
Coordenadas do hotel: N39° 31.480' W122° 11.637'

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

79º dia - Destino Redding - Califórnia (USA)

Dia 14 de julho de 2017.

Hoje ao carregar as coisas na moto constatei, mais preocupado ainda, que o vazamento de óleo da suspensão dianteira tinha aumentado, havia uma poça de óleo no chão.



Parei em um McDonald's, à poucos metros do motel aonde havia dormido, para tomar café e quando fui pegar a moto, minutos depois, tinha mais óleo acumulado no chão.

Saí preocupado pois não sabia quais as consequências de rodar com pouco óleo na suspensão dianteira. Segundo o mecânico Fred, do Canadá, não era motivo de preocupação porquê eu iria rodar apenas no asfalto, seria problema se estivesse rodando em terreno acidentado.

Mesmo assim, a prioridade agora era substituir os retentores e o óleo. Fiz uma pesquisa no GPS e descobri que na cidade de Redding, já no estado da Califórnia, tinha uma loja e oficina de motos (multimarcas), à 600 km de distância. Como eu tinha trazido comigo, desde o Brasil, retentores novos, resolvi ir para lá.

Se eu tivesse programado de descer ao sul dos EUA pela highway 01, para curtir o visual, ia ter que abortar esses planos em função do vazamento de óleo da suspensão.

Estava trafegando pela I-5, dentro da velocidade permitida que é 70 mph (113 km/h), se não me engano, e vejo crescer no meu retrovisor um carro da Highway Patrol com as luzes piscando. Fiquei tranquilo pois estava dentro da lei. O carro passou por mim voando baixo e sumiu depois de uma curva - provavelmente estava "caçando" alguém.

A I-5, também conhecida por "Pacific Highway", é uma ótima estrada, , porém sem grandes atrativos aparentes ao longo de seu traçado mas mesmo assim, por simples coincidência, eu acabei por encontrar um atrativo.

Estava precisando parar para abastecer e escolhi, aleatoriamente, no GPS, um posto de gasolina. Saí da auto-estrada em um lugar quase ermo, chamado Sunvalley, e logo de cara tinha ali o posto de gasolina. Como não tinha loja de conveniências no posto, nem parei. Quando olhei para frente tinha uma ponte coberta que passava sobre um pequeno arroio, o Grave Creek, mas antes disso, à direita, tem um museu em uma casa de madeira, muito antiga, que conta a história dos primeiros habitantes do lugar, os pioneiros, assim como da construção de uma ferrovia que existia, ou existe ainda (não sei), nas proximidades.

Não parei no lugar, mas o conjunto dessas coisas todas formavam um cenário bem diferente daquele que eu estava vendo ao transitar sempre por auto-estradas. De repente, me vi transportado à um país mais natural, digamos assim, com pequenas propriedades a beira de uma rodovia simples e gente do local batendo papo à beira da estrada.

Circulei um pouco mais por aquele cenário e voltei para a highway.



Depois de 418 km rodados entrei no estado da Califórnia e alguns quilômetros depois avistei, à esquerda da I-5, o Monte Shasta.

Imponente, com seus 4.322 metros de altura, essa montanha é na verdade um vulcão, cuja última erupção ocorreu em 1786, e, apesar de ser verão, apresenta seu topo coberto de neve. Segundo li na internet, é um desafio para alpinistas experientes.

É bem legal pilotar neste trecho da I-5 tendo a companhia dessa montanha, ás vezes do lado esquerdo e às vezes à frente.






Parei alguns poucos minutos para tirar essas fotos e filmar,  e quando fui pegar a moto já havia mais um pouco de óleo da suspensão no chão.

Eu já tinha feito uma reserva em um motel da cidade de Redding, aproveitando o Wi-Fi do McDonald's quando tomei café da manhã, então quando cheguei na cidade, às 15:45, fui direto na oficina multimarcas ver se conseguia alguém para arrumar a suspensão dianteira.

Não quiseram mexer na suspensão, disseram que era coisa só para especialistas da BMW e me recomendaram a concessionária BMW da cidade de Chico, à uns 100 quilômetros dali, mas pneu eles tinham, e a um preço muito bom.

Falei para o cidadão que me atendeu, quando ele me disse que o pessoal da BMW da cidade de Chico iria dar prioridade para minha moto, por eu estar viajando, que eu e meus amigos mexicanos havíamos tido uma péssima experiência na cidade de Fairbanks com a concessionária BMW de lá.

Aproveitei e troquei o pneu traseiro, coloquei um Anakee 3. O "Zé Catapora" encerrava aqui, na ensolarada Califórnia, sua curta participação nessa nossa aventura - rodou apenas 6.000 km, da cidade de Fairbanks, no Alasca, até aqui.
Rodaria, talvez, mais uns 2.000 km no máximo, mas ele não tinha sido feito para o asfalto, estava "pedindo para sair".

Dispensei ele sem honrarias.

Tchau "Zé Catapora"!!!

A partir de agora eu iria rodar com um pneu essencialmente "street" e iria poder tirar proveito disso nas auto-estradas, ter mais segurança.

O pneu dianteiro, que eu troquei ainda quando estava no Equador, na cidade Quito, segue em perfeito estado de conservação. Nem parece que já está com quase 24.000 km rodados. Acredito que o fato da moto estar com muito peso atrás, aliviando a dianteira, tenha contribuído para isso.


Vale ressaltar aqui o bom atendimento que recebi nessa concessionária multimarcas, além de encontrar aqui várias opções de pneus (entre muitas outras coisas), com ótimos preços - paguei pouco mais de USD 170,00 pelo pneu, mais mão de obra para trocar e balancear. Ficou tudo em USD 235,00.

A cidade, por ser do interior e ficar fora do eixo da I-5, tem hospedagem barata, então se alguém estiver viajando por estas bandas e precisar de algo, segue o site e as coordenadas da loja/oficina:

Lees Honda Kawasaki Polaris

Coordenadas: N40° 34.458' W122° 21.327'

Me programei então para amanhã (sábado)  sair cedo e levar a moto até a cidade de Chico para ver se haveria boa vontade da concessionária BMW  em resolver o problema.
Eu não levava muita fé nisso, mas fazer o que?

Eu não tinha opção, estava disposto a ficar na cidade de Chico quanto tempo fosse preciso até que eles resolvessem aquela situação. Falta de peças não seria problema pois, como disse, tinha comigo retentores e guarda-pó para substituição.

Fui então para o motel onde havia feito reserva, já preocupado com o dia de amanhã.

Rodei nesse dia 618 km.
Coordenadas do hotel: N40° 35.379' W122° 23.589'

terça-feira, 1 de agosto de 2017

78º dia - Destino Salem - Oregon (USA)

Dia 13 de julho de 2017.

Voltei à vagabundagem. Foi só eu voltar a rodar sozinho que acabo saindo mais tarde para a estrada.

Eram 08:40 quando saí do motel em direção ao sul, pela I-5.

Um pouco antes de Seattle passei pela cidade de Everett, onde fica a fábrica da Boeing e parada obrigatória para os entusiastas da aviação pois existe um tour pela fábrica, aonde curiosamente está o maior prédio do mundo em área e volume (13.385,378 metros cúbicos). Nesse prédio, onde são montados os Boeing 747, 767, 777 e 787,  só as portas medem 25 metros de altura por 107 de largura.

Seattle fica à uma meia dúzia de quilômetros adiante e à  medida que ia chegando na região metropolitana da cidade de Seattle o trânsito ia ficando denso, um movimento intenso. Pensei até em entrar na cidade, para passar na loja da Touratech (a única aqui nos EUA) e ver se tinha pneu traseiro a um preço bom, pois não ia demorar muito para o "Zé Catapora" entrar com um pedido de aposentadoria, mas já sabia de antemão que o trânsito naquela importante cidade do estado de Washington, principalmente aquela hora, era complicado. Achei melhor não entrar na cidade, o "Zé Catapora" ia ter que dar mais um pouco de si.


Eu havia tentado comprar um "chip" micro pré-pago já no meu primeiro dia aqui nos EUA na cidade de Alpine (Texas), conforme relatei aqui no blog,  mas não obtive sucesso. Naquela ocasião a atendente da pequena loja de celulares disse que não tinha um chip adequado para o meu telefone.

Como desde aquele dia sempre venho rodando com outras pessoas, fica difícil dedicar um tempo do dia para resolver essa pendência, mas agora, mesmo estando na reta final da viagem, eu estava sentindo falta de um chip de celular, muito útil para pesquisar preços e disponibilidade de hotéis nas paradas ao final do dia, além de não ficar dependendo da rede Wi-Fi de hotéis que é, geralmente, muito ruim devido ao número de gente "pendurada" nela.

Às 12:25, 120 km após a cidade de Seattle, entrei na cidade de Centralia, ainda no estado de Washington, para abastecer e comer algo.

Estava ainda parado no posto de gasolina, quando olhei para o outro lado da rua e vi uma loja da Verizon, companhia telefônica aqui nos EUA.

- É hoje! pensei eu.

Fui na loja e expliquei a minha situação, com meu inglês precário, para dois atendentes que estavam lado a lado, atrás do balcão. Disse que estava viajando de moto através dos EUA e queria um chip pré-pago (que aqui nos EUA chamam de Prepaid SIM Card) para o meu celular. Falei isso e mostrei para eles o meu celular, um Asus Zenfone 3 (que eu havia comprado aqui mesmo, nos EUA, no ano passado).

Os dois olharam para o meu celular e, na sequência, se olharam com os olhos arregalados - cara de assustados.
Estendi um pouco mais a mão para alcançar o telefone para eles analisarem se era possível e eles quase deram um passo para trás, se afastaram. Nessas alturas eu me preparei para correr, porquê parecia até que eu estava portando uma bomba ou algo parecido e faltava pouco para chamarem a SWAT.

Sem ao menos pegar o telefone para analisar, olharam com cara de desinteresse para o mesmo e disseram que não tinham o chip para aquele celular.

Como eu não tinha tempo a perder, nem conhecimento suficiente da língua inglesa para saber qual era a dificuldade em conseguir um chip para meu celular, agradeci e voltei para a estrada.

Buenas, um dos lugares que eu tinha planejado conhecer aqui na costa oeste era uma pequena cidade do estado de Oregon chamada Astoria.

E porquê Astoria?

Pode levantar a mão quem se lembra de um filme produzido por Steven Spielberg no ano de 1985 chamado "Os Goonies".


Ok, pode abaixar a mão quem se lembrou do filme.

Pois bem, o filme foi rodado em uma cidadezinha muito bonita, ás margens do Oceano Pacífico e essa cidade existe de verdade e se chama Astoria. Tinha uma vontade remota de conhecer aquela pequena cidade e aproveitei essa oportunidade para fazer isso.

Um pouco menos de 80 km depois da cidade de Centralia entrei no estado do Oregon, cruzando a ponte sobre o rio Colúmbia, já não mais na I-5 mas em uma rodovia secundária.

A cidade de Astoria, obviamente, já não é mais a mesma pequena cidade que aparece no filme, afinal lá se vão 32 anos desde que o filme foi rodado, porém a parte alta da cidade mantém ainda aquelas casas que aparecem no filme.

Na parte da cidade junto ao mar existem muitos restaurantes e um pequeno trem para turistas.










Até tentei me hospedar em Astoria, mas após uma rápida consulta de preço em dois motéis da cidade desisti - tudo muito caro  No Motel 6 da cidade me pediram 147,00 USD, quando a média de preço dessa rede de motéis é  de 60,00 USD na maior parte dos EUA. Aliás, a costa oeste, ao longo da Highway 101, é toda muito cara, isso já haviam me falado o Pete e Alexandra, aquele casal que encontrei no hotel em Chilliwack (Canadá).

Saí da cidade de Astoria e segui, rumo ao sul, pela rodovia 101. Essa estrada (101), um pouco mais ao sul, dá acesso à famosa Highway 1 que vai acompanhando o Oceano Pacífico,  até o estado da Califórnia, uma estrada que eu gostaria muito de ter rodado mas, infelizmente, no momento eu quero estrada que me permita deslocar mais rápido, a I-5 nesse caso.

Logo depois que alcancei a I-5 pilotei até a cidade de Salem onde me hospedei.

Enquanto descarregava a bagagem da moto, observei que o pequeno vazamento nos retentores da suspensão dianteira da moto, que eu vinha acompanhando desde a minha parada para troca de óleo no Canadá (alertado pelo Fred), aumentou consideravelmente. Comecei a ficar preocupado com isso e já preparando uma estratégia para resolver esse problema oportunamente.


O "Zé Catapora", também nessa mesma inspeção de final de dia, constatei que não ia longe - estava me abandonando rapidamente. Também pudera, um pneu fabricado para rodar 100% off-road não ia durar muito naquele asfalto e, na verdade, eu estava louco para substituir ele, até mesmo por segurança pois agora, rodando nas interestaduais aqui dos EUA, a tendência era andar mais rápido e, consequentemente, entrar nas curvas mais rápido, coisa que ele não me dava segurança nessas condições.

Rodei nesse dia 646 km.
Coordenadas do hotel: N44° 56.823' W122° 59.513'

segunda-feira, 31 de julho de 2017

77º dia - Destino Bellingham - Estado de Washington (EUA)

Dia 12 de julho de 2017.

Hoje eu tinha que trocar o óleo e filtro da moto, para isso dependia da ajuda do Roger, que tinha o endereço do mecânico que faria esse serviço na cidade de Chilliwack.
O Roger resolveu dormir até mais tarde, mas me passou, via Whatsapp, o endereço do mecânico.

Fui tomar café, que nesse hotel estava incluso na diária, e lá encontrei um casal de motociclistas que estava se dirigindo ao Alasca - O Pete e a Alexandra.

Conversamos bastante, eles me passaram dicas muito úteis sobre lugares interessantes e de baixo custo para se conhecer na costa do estado de Washington, que é o estado que eles moram e através do qual eu iria entrar nos EUA.

Enquanto arrumava minhas coisas na moto, o Pete e a Alexandra passaram, já de moto, para se despedir e tirarmos umas fotos, que infelizmente também foram deletadas quando formatei o SD card da máquina, sem ter feito backup.

Como demorei um pouco na função de arrumar a bagagem na moto, o Roger já tinha acordado e resolveu me acompanhar até o mecânico, de onde ele iria embora, já para entrar para os EUA, pois estávamos a apenas 30 quilômetros da fronteira.

Fred, o mecânico, é natural do Paraguai, casado com uma alemã e moram á muitos anos no Canadá. É motociclista e, em sua casa, dá apoio à motociclistas que estão viajando por este mundo afora, inclusive dando pouso para quem precisa.

Ele é mecânico, porém para os que estão viajando de moto, ele cede a estrutura da sua oficina, sem custo algum, aos viajantes que queiram fazer manutenção da sua moto ali. Foi o que ele fez: colocou minha moto no elevador e emprestou todas as ferramentes necessárias.

Fomos em sua caminhonete comprar o óleo para a moto (filtro eu já tinha) e passamos em um açougue comprar carne para fazermos um churrasco depois da troca de óleo.

Depois de concluído o serviço, fizemos o churrasco e ficamos conversando sobre viagens de moto, pois o Fred, juntamente com sua esposa (que também pilota moto) costuma participar de encontros de moto nos EUA e também no México.

Aí está uma foto do Fred (tirada com meu celular)

Saí da casa do Fred às 16:25 e fui direto para fazer minha entrada nos EUA através da cidade de Abbotsford (Canadá).

Cheguei no posto fronteiriço às 17:55 e eu era o único a passar, não havia absolutamente mais ninguém. Tinha dois oficiais da U.S. Customs and Border Protection conversando, devido a não ter nenhum movimento.

Avancei com a moto até o posto, dei meus dois passaportes para o oficial: um com o visto americano válido por 10 anos (passaporte antigo) e o meu passaporte novo, aonde eles carimbam minha entrada nos EUA.

De posse dos passaportes ele falou algo para mim (que eu não entendi muito bem) mas creio que estava se referindo à um papel.

E que papel seria esse?

É o formulário I-94.

Quando eu entrei nos EUA, vindo do México no dia 20 de junho, além do procedimento normal de entrada, foi me dado um um pequeno papel (I-94) aonde, no verso, estava escrito que eu deveria rete-lo comigo até minha saída do país.

Antigamente, segundo soube, esse formulário era dado a todos que entravam nos EUA, seja por via terrestre, aérea ou marítima porém, creio eu, atualmente ele só é dado por quem entra por via terrestre nos EUA.

Naquela noite, no hotel na cidade de Alpine (Texas), fui ler o que estava escrito no tal papel e constatei que ele deveria ser entregue ao oficial da imigração canadense, quando eu deixasse os Estados Unidos. Foi o que fiz no dia 27 de junho quando deixei os EUA e entrei no Canadá pela província de Alberta.

Pois agora aquele oficial queria o I-94. Falei para ele que tinha sido entregue à oficial de imigração do Canadá, na província de Alberta, quando entrei naquele país.

Bom, o cara começou a falar um monte de coisas e eu, nessas alturas, nem estava a fim de saber o que ele estava falando, só repetia para ele que o papel tinha sido retido pela oficial de imigração canadense - depois de ter passado em tantas fronteiras acabei ficando meio abusado.

Em dado momento ele mudou o discurso e entendi que ele queria saber quando entrei nos Estados Unidos e quantos dias tinha ficado até sair para o Canadá.

Ah!!! Tá de sacanagem comigo né amigo???

Qualquer cidadão, de qualquer parte do mundo, que já tenha entrado nos Estados Unidos pode acessar o site da US Custom and Border Protection e consultar lá, colocando seus dados pessoais e o número do último passaporte com o qual entrou nos EUA, todo o seu histórico de entrada e saída daquele país.

Quer ver? Acessa o link abaixo e clica em "View Travel History" e coloca seus dados, juntamente com o número do último passaporte que você entrou nos EUA e verá todas seu histórico de visitas.

US Custom and Border Protection.

Estou à 3 meses viajando, entrando e saindo de um monte de países, como é que vou guardar de cabeça que dia entrei e que dia saí dos EUA (tem ocasiões que nem o dia da semana eu sei qual é).

Eu até tenho esses dados em meu computador, com o local, data e hora exatas de cada passagem pelas fronteiras, e também relatado neste blog, mas assim, de cabeça, sem condições. Pensei em dar um adesivo do blog para ele consultar lá, mas melhor não.

Apenas disse que não me lembrava.

O que ele poderia fazer? Não me deixar entrar nos EUA?

Aí eu vi que ele ficou envaretado. Falou que iria reter meus passaportes e mandou que eu estacionasse mais adiante, em uma área delimitada, e aguardasse à porta de uma sala.

Eu estava indo para a temida "salinha", que é o lugar em que os estrangeiros, quando chegam aos EUA (normalmente por via aérea), e, mesmo tendo o visto americano, pelos motivos mais diversos passam por uma entrevista que pode resultar em sua negativa de entrada em território americano - voltam dali mesmo para seus países de origem, no primeiro vôo.

Eu estava tranquilo, não havia feito nada de errado

Fiquei naquela área aguardando alguns minutos e pensando na situação insólita que estava se configurando. Se ele negasse meu ingresso nos EUA eu teria que voltar ao Canadá com a minha moto e ia fazer o quê?

Após alguns poucos minutos ele apareceu na porta da "salinha" e então me mandou entrar.

Sentou em frente a um computador com os meus passaportes na mão. Depois de um tempo consultando meus dados no computador, me fez algumas perguntas e conforme eu ia respondendo ele verificava com os dados que ele tinha no computador. Passados mais alguns minutos ele, surpreendentemente, mudou de atitude e, educadamente, emitiu então um outro formulário I-94 (grampeando no meu passaporte), e liberou minha entrada no país, dando-me boas vindas aos EUA.

Mais uma vez fui ler o que estava escrito no verso do formulário e vi que eu, nem a oficial de imigração canadense ao reter o papel, havíamos feito nada de errado.

Era exatamente isso que estava escrito lá: entregar o formulário ao oficial canadense de imigração se estiver deixando os EUA em direção ao Canadá por via terrestre, à companhia aérea se estiver saindo do país de avião e ao oficial de imigração norte-americano, se estiver saindo dos EUA para o México por via terrestre.

Vejam abaixo com seus próprios olhos o que está escrito no papel;


Todo esse rolo não demorou muito pois às 18:20 estava entrando novamente nos EUA.

A princípio eu não esperava estar entrando tão tarde assim nos EUA, apesar de ainda ser dia, e decidi então rodar só mais um pouco e procurar um lugar para pernoitar.

Rodei mais uns 50 km e, logo após chegar na I-50 (uma rodovia interestadual que corta os EUA de norte a sul, da fronteira do Canadá à fronteira com o México), parei em um motel na cidade de Bellingham.

Eu havia entrado nos EUA pelo estado de Washington e iria descer para o sul, a partir dalí, pelos estados de Oregon e Califórnia, utilizando na maior parte do tempo essa I-50, para agilizar meu deslocamento.

O ideal seria descer para o sul utilizando a famosa 101, uma rodovia cênica que vai acompanhando o Oceano Pacífico por quase toda a costa oeste americana, com paisagens muito bonitas, mas o que me interessava agora era ganhar tempo e para isso nada melhor do que rodar nas auto-estradas.

Rodei nesse dia 96 km.
Coordenadas do hotel: N48° 44.019' W122° 28.150'

domingo, 23 de julho de 2017

76º dia - Destino Chilliwack - BC (Canadá)

Dia 11 de julho de 2017.


Hoje seria, praticamente,  o último dia desse grupo junto pois eu e o Roger ficaríamos na cidade de Chilliwack, uns 100 km antes de Vancouver. O Francisco vai seguir até Vancouver com a sua filha.

Saímos às 07:25 do hotel, um pouco mais tarde do que vínhamos saindo nos outros dias, porquê nesse havia café incluído na diária e isso acaba por retardar um pouco a partida.

Grande parte das primeiras horas desse percurso, que foi feito na Highway 16, que vai acompanhando o Rio Fraser, quase até a cidade de Valemount, aquela pequena cidade em que dormimos em umas cabanas precárias, no dia 28 de junho.

Em Valemount saímos da Highway 16 epegamos a Highway 5. A partir daí começou a aumentar o número de veículos  e também havia uma nebulosidade no ar, creio que em função do incêndio na reserva florestal que estava ocorrendo em Willians Lake.

Em determinado momento conseguimos ver uns focos de incêndio, do outro lado do rio North Thompson. Vimos também um helicóptero fazendo o combate desses focos.




Paramos na cidade de Kamloops para fazermos um lanche e seguimos até a entrada de Chilliwack, onde paramos para nos despedir do Francisco e Diana.

Tiramos fotos para registrar esse momento. Eu, por um erro, acabei formatando o cartão que estava na máquina antes de ter feito um backup das mesmas.

Rodamos nesse dia 875 km.
Coordenadas do hotel: N49° 08.559' W121° 58.031'

quinta-feira, 20 de julho de 2017

75º dia - Destino Prince George (Canadá)

Dia 10 de julho de 2017.

Combinamos de pilotarmos hoje o máximo a fim de chegarmos mais perto possível de Vancouver.

Amanhã haveria mais uma dispersão: o Francisco, e sua filha Diana, iriam para Vancouver, eu e o Roger iríamos para a cidade de Chilliwack, aonde eu faria a troca do óleo e filtro da minha moto em um mecânico conhecido do Roger.

Hoje o frio bateu o recorde: 1,5ºC marcados no painel da moto, e isso foi logo que saímos do hotel.
Liguei os aquecedores de punho mas eles não davam conta de esquentar as minhas mãos. Até esquentavam, mas as pontas dos dedos na recebiam calor suficiente.

O trajeto foi conforme havíamos planejado e foi um dia praticamente sem novidades até a cidade de Prince George, onde paramos para comer algo, abastecer e verificar qual o melhor caminho para Vancouver.

Optamos em pegar a Highway 97 pois era o caminho mais curto. A outra opção seria pela Highway 16, cerca de 200 km mais longo, porém era uma estrada duplicada em sua maior parte, mas mesmo assim não compensava ir por ela.

Decidimos então ir até a cidade de Willians Lake e dormir lá. Quando chegamos na cidade de Quesnel, distante cerca de 120 km de Prince George, paramos para tirar umas fotos perto de um rio e um estacionamento de RV's.

Foi quando um cidadão saiu do seu motor-home e veio nos perguntar aonde íamos. Dissemos que estávamos indo em direção à Vancouver, mas que pernoitaríamos em Willans Lake.

Ele então falou que estava ocorrendo um grande incêndio na floresta, que a rodovia estava interrompida e estavam evacuando um grande número de pessoas daquela região (cerca de 40.000) - exatamente no caminho que pretendíamos seguir.

Nos deu um cartão, oferecendo sua casa para pernoitarmos, pois ele morava naquela cidade em que estávamos. Ele estava chegando, naquele momento com seu motor-home, de uma viagem que fizera ao norte do Canadá.

Agradecemos mas, como ainda era cedo, resolvemos pilotar mais um pouco hoje.
Não nos restava outra opção senão voltar os 120 km de volta até Prince George para adiantar um pouco, dormir lá, e amanhã encarar aquela rodovia mais longa em direção à Vancouver.

Voltamos aqueles quilômetros e pernoitamos em Prince George.

Rodamos nesse dia 680 km.
Coordenadas do hotel: N53° 54.878' W122° 45.030'

74º dia - Destino New Hazelton - Colúmbia Britânica (Canadá)

Dia 09 de julho de 2017.

Saímos cedo da pousada: 06:00h e fazia um frio daqueles. Aqui no Canadá parece que a sensação térmica é pior do que nos outros lugares frios por onde passei durante minha jornada.

Rodamos exatos 3 quilômetros na Highway 37 e já estávamos deixando para trás o Território Yucon e entrando novamente na Colúmbia Britânica, ou apenas BC.

Essa rodovia corta algumas reservas indígenas: Good Hope Indian Reserve, Dease Lake Indian Reserve e Iskut Indian Reserve) e grandes áreas de preservação ambiental - verdadeiros santuários ecológicos.

No começo ela é um pouco mal sinalizada (o asfalto é bom) mas depois de alguns quilômetros, a medida que vamos nos aproximando de áreas mais povoadas, a qualidade da Highway 37 melhora sensivelmente, e a sinalização também.

Nós pretendíamos hoje fazer um trajeto curto, cerca de 490 quilômetros até uma pequena localidade chamada Bell 2 mas como chegamos muito cedo nesse local, cerca de 12:30h, dava para rodar mais um pouco, além do que só havia uma pousada alí. Comemos algo e seguimos viagem.

A temperatura continuou muito baixa ao longo do dia todo, e o tempo intercalava entre sol e chuva.

O ponto alto desse dia foi quando a rodovia passou a acompanhar o traçado do Rio Nass. Uma estrada perfeita, acompanhando as curvas de um rio e ao fundo, após uma curva da estrada, uma montanha com o pico nevado.

Se uma imagem vale mais que mil palavras, então vamos ver como foi isso no vídeo abaixo.




Paramos, às 16:00h em um posto de gasolina na localidade de Kitwanga para abastecer e comer algo.

O interessante é que, quando ali chegamos, só tinha as nossas motos. Dali a pouco chegou um rapaz de moto e veio conversar com a gente. Não me lembro o nome dele, porém ele é suíço e estava pilotando uma BMW 1200GS Adventure. Resolveu passar uns meses conhecendo as américas de moto.
Acampa 2 ou 3 dias e fica um dia em hotel. Quando saímos, já tinha mais duas motos de pessoas que estavam viajando, motos carregadas.


Safe Ride friend!!!

 Aqui é assim, do nada começa um ajuntamento de motos.

Rodamos mais duas horas e resolvemos pernoitar na pequena cidade de New Hazelton.

Rodamos nesse dia 767 km.
Coordenadas do hotel: N55° 14.808' W127° 35.670'

quarta-feira, 19 de julho de 2017

73º dia - Destino Watson Lake (Canadá)

Dia 08 de julho de 2017.

Como falei na postagem anterior, esse caminho de volta seria, nos 2 primeiros dias, exatamente por estradas que já havíamos passado ao vir para cá, mas tem sido interessante ver a paisagem por um ângulo diferente.

Conforme combinado, acordamos cedo pois pretendíamos ir para a estrada às 06:00h.
Ontem o clima, quando chegamos no hotel em Destruction Bay estava quente, mas acordamos com uma temperatura muito baixa, cerca de 10ºC, e chovendo. O tempo tinha virado em questão de horas.

Carregamos as motos debaixo de chuva e quando fomos abastecer no posto de gasolina, junto ao hotel, o Francisco constatou que o pneu traseiro da moto dele, aquele mesmo que fora consertado na chegada em Prudhoe Bay, estava perdendo ar pelo mesmo furo. O Roger usou então outro tipo de remendo e, após mais ou menos 1 hora, resolvido o problema, saímos.

Passamos, alguns quilômetros adiante, na área do Kluane National Park, aquele da tempestade de areia que formava um efeito surreal na paisagem. Eu estava curioso para saber se aquele fenômeno acontece sempre naquela região ou se foi uma feliz coincidência que tive ao passar ali.

Tinha chovido então o efeito "tempestade de areia" não ia rolar, mas o vento que causava esse efeito estava lá, exatamente como no dia que passamos.




Combinamos de tomar café naquele mesmo local aonde, na vinda para o Alasca, havíamos encontrado o Julio Cesar, motociclista paranaense que estava voltando para casa com sua BMW 1200GS Adventure..

O nome do local é Haines Junction (na verdade o posto de gasolina e restaurante ficam uns 35 km ao sul de Haines) e tínhamos tomado ali o melhor café da manhã no Canadá quando estávamos indo para o norte.

Eu tinha um motivo a mais para parar ali: ver como estava aquele urso negro e feroz, que eu havia dominado na mão, por ocasião da minha passagem por aquele local.

Chegando lá, de longe eu avisto a fera: estava encarapitada em cima de uma mesa ao ar livre, desafiador, com certeza esperando alguém para intimidar, como tentou fazer comigo dias atras.

Caminhei com passos firmes em sua direção, nossos olhares se cruzaram, olhares desafiadores, tanto o meu como o dele. Nessa hora me lembrei dos versos de um velho poema petroleiro: "Olhos que se cruzam, ódio!"

Ele, creio que me reconhecendo, disfarçou, olhou para outro lado, se fez de "salame" - amarelou!

Dessa vez, não sei porquê, fiquei com a impressão que aquele urso não era tão grande assim.


Amarelou!!


Do lado de fora tinha uma Indian Chief estacionada, uma moto clássica, aproveitando o terreno até onde ela poderia ir.
Da cidade de Tok para o norte, as big trails reinam soberanas.

Soubemos hoje que um guatemalteco, também amigo do Roger, teve sua viagem interrompida justamente naquele trecho final da Dalton Highway, o trecho que é puro rípio (gravel).

Segundo nos contaram, a correia dentada da moto dele, um Harley Davidson Electra Glide, foi rompida por uma pedra de rípio que entrou entre os dentes da mesma. O fato aconteceu apenas uma semana antes de chegarmos em Prudhoe Bay.

O pior é que coloquei correia dentada na minha moto justamente para ter mais confiabilidade, porém creio que um dos fatores que fazem a diferença é a altura da correia da minha moto em relação ao solo e as proteções que existem, a fim de impedir exatamente a entrada de objetos entre os dentes da mesma.


Clássica e imponente, mas já no limite de seus domínios.

Dominado!!!!!

Pilotamos o resto do dia em direção à cidade de Watson Lake, aquela da Floresta de Placas e que agora tem uma cueca no seu acervo.

Paramos em uma pousada (Northern Beaver Post) que fica uns quilômetros antes da cidade de Watson Lake, pois logo adiante iríamos começar a fazer um caminho diferente da volta, tomando a partir daí a Highway 37, rumo ao sul.

Eu, particularmente, não recomendo esta pousada na qual ficamos hospedados pelos seguintes motivos:

- Extremamente cara para o que oferece (173,63 dólares canadenses por pessoa), com uma rede Wi-Fi sofrível e um quarto comum, nada de mais.

- Cobraram do Francisco 2,50 dólares canadenses por um prato, sim só o prato vazio, porquê ele pediu um espaguete e, como ele iria dividir com a Diana, solicitou esse prato, pelo qual foi cobrado.

- Na hora de pagar a conta do jantar, com o cartão de crédito, a atendente, filha dos donos, que até então era só sorrisos, ao perceber que eu inclui "só" 18% de "tip", o mínimo sugerido no visor da máquina, o que eu já considero muito, demonstrou visivelmente que não gostou da gorjeta - fechou a cara, emburrou!

E ainda colocam um aviso de "Motorcycle Friendly" na entrada do restaurante.

Rodamos nesse dia 676 km
Coordenadas da pousada:N60° 01.689' W129° 04.862'

terça-feira, 18 de julho de 2017

72º dia - Destruction Bay (Canadá)

Dia 07 de julho de 2017.

Pegamos um táxi e fomos no depósito da Lynden pegar as motos. Creio que eram cerca de 9 horas da manhã. O Carlo já foi pronto, não tinha deixado nada no hotel - tinha pressa em partir para Anchorage.

Eu, o Roger e o Francisco ainda voltamos ao hotel para pegar o resto das nossas coisas. Dali fomos para a concessionária BMW. Eu precisava trocar o óleo e filtro da moto pois já estava chegando perto dos 10.000 km recomendados para a troca.

Chegando lá fui direto no balcão de serviços e falei o que queria. O atendente, que não era o mesmo que me atendeu quando troquei o pneu da moto, só faltou me bater.

Rispidamente falou que hoje não (não entendi porquê), que voltasse amanhã à partir dás  8 horas da manhã.

Nem perdi meu tempo tentando saber porquê, em plena sexta-feira eles não podiam executar o serviço.
Esperei o Roger e o Francisco chegarem da hotel e começamos a empreender nossa viagem de volta.

Eram 12:10h quando saímos da concessionária. Já na "Purple Heart Trail", agora em direção â cidade de Tok, aonde iríamos parar para abastecer.

Pegar asfalto com o "Zé Catapora" me assustou um pouco no começo. Do nada a moto começava a balançar a frente, começava a oscilar e eu tinha que diminuir a velocidade até ela estabilizar novamente. No início eu ficava bastante assustado com esse comportamento da moto mas depois fui me acostumando.

Logo no início da rodovia pude ver, vindo em sentido contrário ao nosso, um monte de caminhões militares, com pintura de camuflagem, alguns rebocando  peças de artilharia (obuses creio eu). Fiquei lembrando que quando chegamos em Prudhoe Bay estava passando na TV a notícia de que o ditador da Coréia do Norte estava comemorando o teste de um míssil balístico capaz de atingir o Alasca.

A cidade de Tok realmente tem vocação para reunir  motociclistas aventureiros. No posto que paramos para abastecer tinha uma BMW 1200GS Adventure com um casal e outra pessoa conversando. Quando passei perto deles, para parar em uma bomba de abastecimento, eles já falaram, ao ver a placa: "uau, é de Porto Alegre!!"

Era um casal de venezuelanos, que atualmente moram na Colômbia, e mais um amigo, mochileiro creio eu. Todos eles já tinham estado em Porto Alegre e se admiraram de ver uma moto com placa de lá, tão longe.

Conversamos um pouco, tiramos fotos, nos despedimos e paramos logo mais adiante para almoçar.


Aproximadamente 140 km depois de Tok, deixamos o estado norte-americano do Alasca e voltamos ao Canadá (Yucon). Os dois primeiros dias de nosso retorno vão ser pelas mesmas estradas de ida.

Se quiséssemos fazer um caminho diferente teríamos que descer até Anchorage, seria um caminho mais longo em direção aos EUA, e para mim até interessava pois teria passado dentro da área do Parque Nacional Denali, um dos pontos mais bonitos do Alasca, acredito eu.

Dentro desse parque também fica o monte McKinley, também conhecido como Monte Denali e que vem a ser a montanha mais alta na América do Norte, com uma altura de 6.190 msnm. É essa montanha que aparece no meu perfil do Facebook e também nos adesivos que mandei confeccionar.
Ironicamente, terminei por não ver ao vivo esse verdadeiro símbolo do Alasca.

Eu optei em seguir com o Roger e o Francisco pois tínhamos passados bons momentos juntos desde que formamos esse grupo e assim, rodaríamos mais uns 2 ou 3 dias juntos.

Logo que entramos no Canadá, na pequena localidade de Beaver Creek, encontramos o Ariel Gerardo, colombiano, que está a meses na estrada com sua valente Kawasaki Versis 650, rumo ao Topo do Mundo (Prudhoe Bay). Ele e o Roger já se conheciam.





Após o abastecimento, constatei que a placa da minha moto estava presa somente pelo arame que prende o lacre do Detran, ou seja, estava quase caindo. Com a trepidação de dias e dias na estrada, além do trecho da Dalton Highway ela foi quebrando justamente na parte que é aparafusada na moto. Prendi ela com uns pedaços de arame, mais umas fitas plásticas e a partir de agora tenho que diariamente verificar se essa gambiarra está funcionando.

Quando ainda estava em Porto Alegre, fazendo os preparativos para essa viagem, fui em um desses locais que confeccionam placas e, prevendo que isso poderia acontecer em algum ponto do trajeto, tentei fazer uma placa reserva para levar junto.

Impossível, pois existe um controle  que impede que esses locais forneçam placas, a não ser que seja para substituição, em um posto do Detran. Agora, se você é ladrão de carro e clonador, consegue com a maior facilidade.




Nossa intenção era pilotar até a cidade a cidade de Whitehorse mas como havíamos saído muito tarde de Fairbanks resolvemos parar em um hotel que havia em um posto de gasolina, em uma localidade chamada Destruction Bay, cerca de 190 km adiante.

Aqui, ainda, o sol brilha até bem mais tarde e a "noite" estava bonita, ensolarada, apesar de ser quase 22:00h.






Rodamos nesse dia 703 km.
Coordenadas do hotel: N61° 15.131' W138° 48.290'