terça-feira, 18 de julho de 2017

70º dia - Prudhoe Bay - Reunião

Dia 05 de julho de 2017.

Nos encontramos no refeitório, cerca de 9:00h da manhã, todos reclamando de dores musculares em função do tremendo esforço que fizemos ontem, principalmente nos últimos quilômetros da viagem.

Começamos a discutir que horas iniciaríamos a volta - não tinha muita coisa a se fazer ali a não ser um tour em um ônibus até o oceano ártico, mas que para isso teríamos que fornecer os dados do interessados com 24 horas de antecedência, como descrevi na postagem anterior.

Mas o fato é que não tínhamos condições físicas, nem psicológicas, de retornar hoje. Combinamos então de fazer o retorno amanhã - eu gostei da ideia pois pretendia utilizar a lavanderia do hotel  e lavar um monte de roupas - algumas estavam cobertas de barro da jornada de ontem.

Minhas roupas estavam em estado lastimável.

As motos então, nem se fala. Nem as placas dava para identificar.


Nessa reunião no refeitório, em determinado momento o Francisco perguntou à sua filha, Diana, se ela não queria voltar de avião até Fairbanks. Ele estava preocupado devido ao risco que íamos novamente enfrentar na volta - já sabíamos o que nos esperava.

Ela disse que preferia continuar com o pai, retornar com ele.

Então, alguém (não lembro quem) aventou a possibilidade de mandar as motos através de uma transportadora para Fairbanks, e todos voltarem de avião.

A ideia lançada agradou a todos, pois todos tínhamos passados momentos difíceis na vinda para cá. Se ao menos um de nós tivesse "tirado de letra" aquela travessia, talvez tentasse convencer os outros de voltar rodando, mas todos nós tínhamos passado muita dificuldade para chegar até ali.

Estava trabalhando na manutenção do hotel o Ervin, um rapaz com dupla cidadania: norte-americano e guatemalteco. Falava bem o inglês e o espanhol.

Peguntamos a ele se conhecia alguma empresa que pudesse fazer o transporte das motos até Fairbanks. Ele conhecia e, enquanto saíamos para tirar a foto "oficial" em frente ao "Produhe Bay General Store", ele fez uma busca para nós sobre preço e horários para despacharmos as motos de caminhão.
Thank you Ervin!

Saímos com as motos e fotos até o local oficial onde todos colam seus adesivos, tiram fotos e compram um souvenir do local:  Prudhoe Bay General Store.







Lembram que eu disse, na postagem de ontem, que esse local era observado pelos olhos atentos, "quase invisíveis", de todas as agências de segurança norte-americanas? Então, observando bem de perto, olha só quem colou seu adesivo aqui também.


Tinha também esse casal de canadenses marcando presença.

Depois paramos no único posto de combustíveis do local para abastecer: USD 4,80 o galão.


Quando chegamos de volta ao hotel/alojamento, o Ervin veio com a notícia: a empresa Lynden podia transportar nossas motos, cobrando USD 0,50 por libra, sendo estimado que cada moto pesava em média 500 libras, o que daria aproximadamente uns USD 250,00 cada moto.

Fomos então até a empresa a fim de saber se poderíamos despachar as motos hoje mesmo. Não dava, teria que ser no dia seguinte. Ficamos então de levar as motos amanhã até lá para despachar.

Na sequência fomos na agência de viagens que fica dentro do hotel para comprar as passagens para nós. Tínhamos a informação que a passagem aérea até Fairbanks ficaria em torno de USD 150,00, só que lá chegando, o preço era de USD 380,00, mais taxas. Estava ficando cara essa brincadeira.

Novamente surgiu o debate se não poderíamos voltar de moto. Foi comentado que, se alguém se acidentasse na estrada, o valor para despachar a moto mais a passagem aérea poderia ser barato em função dos custos de uma remoção de um acidentado desse lugar distante.

Em 2015 os gêmeos Juliano e Eduardo Generali, que trabalham no Brasil como instrutores de pilotagem e ministram cursos off-road para Big Trails e também como guias de viagem em grupo para vários destinos de aventura na América do Sul (Deserto do Atacama, Salar de Uyuni, Patagônia, etc) fizeram a rota Brasil/Alasca. 

Na volta de Prudhoe Bay, aqui na Dalton Highway, um deles caiu, quebrando a clavícula, tendo sido resgatado de helicóptero do local.

Aqui está o link do vídeo da viagem deles, inclusive o relato do acidente. O vídeo é longo mas se você quiser ver o relato do acidente vá direto para aos 37 minutos do vídeo.

https://www.youtube.com/watch?v=B8poJ8wdLLI&t=2338s

Se esses dois pilotos, que são do ramo do motociclismo de aventura, no mínimo uns vinte e poucos anos mais novos do que nós,  conhecedores de muitas técnicas de pilotagem em qualquer terreno, tiveram dificuldade em sair daqui, inclusive se acidentando, o que sobra para nós? 

Eu já havia alcançado o que havia me proposto: viajar de moto do Brasil até Produhe Bay. Missão cumprida. Sozinho eu não encararia aquela estrada de  volta.

A decisão então foi tomada: amanhã despacharíamos as motos pela Lynden até Fairbanks e compramos as passagens de avião para nós, com saída amanhã às 13:25h - vôo direto de Prudhoe Bay até Fairbanks.

O interessante é que, de tarde, encontramos no refeitório um casal de motociclistas, ingleses, recém chegados da estrada e estavam limpos, ela inclusive estava vestindo uma calça jeans, não se parecendo em nada com o estado das nossas roupas quando aqui chegamos ontem.

Isso comprova, mais uma vez, que as condições da Dalton Highway podem mudar radicalmente de uma hora para outra, tanto para melhor, quanto para pior. 

Nós, infelizmente, conhecemos o lado ruim da Dalton Highway.


2 comentários:

  1. Inteligência de quem escolhe a prudência evitando a urgência! Bj

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    1. É verdade, além do que a visão que tivemos de Prudhoe Bay na decolagem foi fantástica.
      Bj

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