segunda-feira, 31 de julho de 2017

77º dia - Destino Bellingham - Estado de Washington (EUA)

Dia 12 de julho de 2017.

Hoje eu tinha que trocar o óleo e filtro da moto, para isso dependia da ajuda do Roger, que tinha o endereço do mecânico que faria esse serviço na cidade de Chilliwack.
O Roger resolveu dormir até mais tarde, mas me passou, via Whatsapp, o endereço do mecânico.

Fui tomar café, que nesse hotel estava incluso na diária, e lá encontrei um casal de motociclistas que estava se dirigindo ao Alasca - O Pete e a Alexandra.

Conversamos bastante, eles me passaram dicas muito úteis sobre lugares interessantes e de baixo custo para se conhecer na costa do estado de Washington, que é o estado que eles moram e através do qual eu iria entrar nos EUA.

Enquanto arrumava minhas coisas na moto, o Pete e a Alexandra passaram, já de moto, para se despedir e tirarmos umas fotos, que infelizmente também foram deletadas quando formatei o SD card da máquina, sem ter feito backup.

Como demorei um pouco na função de arrumar a bagagem na moto, o Roger já tinha acordado e resolveu me acompanhar até o mecânico, de onde ele iria embora, já para entrar para os EUA, pois estávamos a apenas 30 quilômetros da fronteira.

Fred, o mecânico, é natural do Paraguai, casado com uma alemã e moram á muitos anos no Canadá. É motociclista e, em sua casa, dá apoio à motociclistas que estão viajando por este mundo afora, inclusive dando pouso para quem precisa.

Ele é mecânico, porém para os que estão viajando de moto, ele cede a estrutura da sua oficina, sem custo algum, aos viajantes que queiram fazer manutenção da sua moto ali. Foi o que ele fez: colocou minha moto no elevador e emprestou todas as ferramentes necessárias.

Fomos em sua caminhonete comprar o óleo para a moto (filtro eu já tinha) e passamos em um açougue comprar carne para fazermos um churrasco depois da troca de óleo.

Depois de concluído o serviço, fizemos o churrasco e ficamos conversando sobre viagens de moto, pois o Fred, juntamente com sua esposa (que também pilota moto) costuma participar de encontros de moto nos EUA e também no México.

Aí está uma foto do Fred (tirada com meu celular)

Saí da casa do Fred às 16:25 e fui direto para fazer minha entrada nos EUA através da cidade de Abbotsford (Canadá).

Cheguei no posto fronteiriço às 17:55 e eu era o único a passar, não havia absolutamente mais ninguém. Tinha dois oficiais da U.S. Customs and Border Protection conversando, devido a não ter nenhum movimento.

Avancei com a moto até o posto, dei meus dois passaportes para o oficial: um com o visto americano válido por 10 anos (passaporte antigo) e o meu passaporte novo, aonde eles carimbam minha entrada nos EUA.

De posse dos passaportes ele falou algo para mim (que eu não entendi muito bem) mas creio que estava se referindo à um papel.

E que papel seria esse?

É o formulário I-94.

Quando eu entrei nos EUA, vindo do México no dia 20 de junho, além do procedimento normal de entrada, foi me dado um um pequeno papel (I-94) aonde, no verso, estava escrito que eu deveria rete-lo comigo até minha saída do país.

Antigamente, segundo soube, esse formulário era dado a todos que entravam nos EUA, seja por via terrestre, aérea ou marítima porém, creio eu, atualmente ele só é dado por quem entra por via terrestre nos EUA.

Naquela noite, no hotel na cidade de Alpine (Texas), fui ler o que estava escrito no tal papel e constatei que ele deveria ser entregue ao oficial da imigração canadense, quando eu deixasse os Estados Unidos. Foi o que fiz no dia 27 de junho quando deixei os EUA e entrei no Canadá pela província de Alberta.

Pois agora aquele oficial queria o I-94. Falei para ele que tinha sido entregue à oficial de imigração do Canadá, na província de Alberta, quando entrei naquele país.

Bom, o cara começou a falar um monte de coisas e eu, nessas alturas, nem estava a fim de saber o que ele estava falando, só repetia para ele que o papel tinha sido retido pela oficial de imigração canadense - depois de ter passado em tantas fronteiras acabei ficando meio abusado.

Em dado momento ele mudou o discurso e entendi que ele queria saber quando entrei nos Estados Unidos e quantos dias tinha ficado até sair para o Canadá.

Ah!!! Tá de sacanagem comigo né amigo???

Qualquer cidadão, de qualquer parte do mundo, que já tenha entrado nos Estados Unidos pode acessar o site da US Custom and Border Protection e consultar lá, colocando seus dados pessoais e o número do último passaporte com o qual entrou nos EUA, todo o seu histórico de entrada e saída daquele país.

Quer ver? Acessa o link abaixo e clica em "View Travel History" e coloca seus dados, juntamente com o número do último passaporte que você entrou nos EUA e verá todas seu histórico de visitas.

US Custom and Border Protection.

Estou à 3 meses viajando, entrando e saindo de um monte de países, como é que vou guardar de cabeça que dia entrei e que dia saí dos EUA (tem ocasiões que nem o dia da semana eu sei qual é).

Eu até tenho esses dados em meu computador, com o local, data e hora exatas de cada passagem pelas fronteiras, e também relatado neste blog, mas assim, de cabeça, sem condições. Pensei em dar um adesivo do blog para ele consultar lá, mas melhor não.

Apenas disse que não me lembrava.

O que ele poderia fazer? Não me deixar entrar nos EUA?

Aí eu vi que ele ficou envaretado. Falou que iria reter meus passaportes e mandou que eu estacionasse mais adiante, em uma área delimitada, e aguardasse à porta de uma sala.

Eu estava indo para a temida "salinha", que é o lugar em que os estrangeiros, quando chegam aos EUA (normalmente por via aérea), e, mesmo tendo o visto americano, pelos motivos mais diversos passam por uma entrevista que pode resultar em sua negativa de entrada em território americano - voltam dali mesmo para seus países de origem, no primeiro vôo.

Eu estava tranquilo, não havia feito nada de errado

Fiquei naquela área aguardando alguns minutos e pensando na situação insólita que estava se configurando. Se ele negasse meu ingresso nos EUA eu teria que voltar ao Canadá com a minha moto e ia fazer o quê?

Após alguns poucos minutos ele apareceu na porta da "salinha" e então me mandou entrar.

Sentou em frente a um computador com os meus passaportes na mão. Depois de um tempo consultando meus dados no computador, me fez algumas perguntas e conforme eu ia respondendo ele verificava com os dados que ele tinha no computador. Passados mais alguns minutos ele, surpreendentemente, mudou de atitude e, educadamente, emitiu então um outro formulário I-94 (grampeando no meu passaporte), e liberou minha entrada no país, dando-me boas vindas aos EUA.

Mais uma vez fui ler o que estava escrito no verso do formulário e vi que eu, nem a oficial de imigração canadense ao reter o papel, havíamos feito nada de errado.

Era exatamente isso que estava escrito lá: entregar o formulário ao oficial canadense de imigração se estiver deixando os EUA em direção ao Canadá por via terrestre, à companhia aérea se estiver saindo do país de avião e ao oficial de imigração norte-americano, se estiver saindo dos EUA para o México por via terrestre.

Vejam abaixo com seus próprios olhos o que está escrito no papel;


Todo esse rolo não demorou muito pois às 18:20 estava entrando novamente nos EUA.

A princípio eu não esperava estar entrando tão tarde assim nos EUA, apesar de ainda ser dia, e decidi então rodar só mais um pouco e procurar um lugar para pernoitar.

Rodei mais uns 50 km e, logo após chegar na I-50 (uma rodovia interestadual que corta os EUA de norte a sul, da fronteira do Canadá à fronteira com o México), parei em um motel na cidade de Bellingham.

Eu havia entrado nos EUA pelo estado de Washington e iria descer para o sul, a partir dalí, pelos estados de Oregon e Califórnia, utilizando na maior parte do tempo essa I-50, para agilizar meu deslocamento.

O ideal seria descer para o sul utilizando a famosa 101, uma rodovia cênica que vai acompanhando o Oceano Pacífico por quase toda a costa oeste americana, com paisagens muito bonitas, mas o que me interessava agora era ganhar tempo e para isso nada melhor do que rodar nas auto-estradas.

Rodei nesse dia 96 km.
Coordenadas do hotel: N48° 44.019' W122° 28.150'

domingo, 23 de julho de 2017

76º dia - Destino Chilliwack - BC (Canadá)

Dia 11 de julho de 2017.


Hoje seria, praticamente,  o último dia desse grupo junto pois eu e o Roger ficaríamos na cidade de Chilliwack, uns 100 km antes de Vancouver. O Francisco vai seguir até Vancouver com a sua filha.

Saímos às 07:25 do hotel, um pouco mais tarde do que vínhamos saindo nos outros dias, porquê nesse havia café incluído na diária e isso acaba por retardar um pouco a partida.

Grande parte das primeiras horas desse percurso, que foi feito na Highway 16, que vai acompanhando o Rio Fraser, quase até a cidade de Valemount, aquela pequena cidade em que dormimos em umas cabanas precárias, no dia 28 de junho.

Em Valemount saímos da Highway 16 epegamos a Highway 5. A partir daí começou a aumentar o número de veículos  e também havia uma nebulosidade no ar, creio que em função do incêndio na reserva florestal que estava ocorrendo em Willians Lake.

Em determinado momento conseguimos ver uns focos de incêndio, do outro lado do rio North Thompson. Vimos também um helicóptero fazendo o combate desses focos.




Paramos na cidade de Kamloops para fazermos um lanche e seguimos até a entrada de Chilliwack, onde paramos para nos despedir do Francisco e Diana.

Tiramos fotos para registrar esse momento. Eu, por um erro, acabei formatando o cartão que estava na máquina antes de ter feito um backup das mesmas.

Rodamos nesse dia 875 km.
Coordenadas do hotel: N49° 08.559' W121° 58.031'

quinta-feira, 20 de julho de 2017

75º dia - Destino Prince George (Canadá)

Dia 10 de julho de 2017.

Combinamos de pilotarmos hoje o máximo a fim de chegarmos mais perto possível de Vancouver.

Amanhã haveria mais uma dispersão: o Francisco, e sua filha Diana, iriam para Vancouver, eu e o Roger iríamos para a cidade de Chilliwack, aonde eu faria a troca do óleo e filtro da minha moto em um mecânico conhecido do Roger.

Hoje o frio bateu o recorde: 1,5ºC marcados no painel da moto, e isso foi logo que saímos do hotel.
Liguei os aquecedores de punho mas eles não davam conta de esquentar as minhas mãos. Até esquentavam, mas as pontas dos dedos na recebiam calor suficiente.

O trajeto foi conforme havíamos planejado e foi um dia praticamente sem novidades até a cidade de Prince George, onde paramos para comer algo, abastecer e verificar qual o melhor caminho para Vancouver.

Optamos em pegar a Highway 97 pois era o caminho mais curto. A outra opção seria pela Highway 16, cerca de 200 km mais longo, porém era uma estrada duplicada em sua maior parte, mas mesmo assim não compensava ir por ela.

Decidimos então ir até a cidade de Willians Lake e dormir lá. Quando chegamos na cidade de Quesnel, distante cerca de 120 km de Prince George, paramos para tirar umas fotos perto de um rio e um estacionamento de RV's.

Foi quando um cidadão saiu do seu motor-home e veio nos perguntar aonde íamos. Dissemos que estávamos indo em direção à Vancouver, mas que pernoitaríamos em Willans Lake.

Ele então falou que estava ocorrendo um grande incêndio na floresta, que a rodovia estava interrompida e estavam evacuando um grande número de pessoas daquela região (cerca de 40.000) - exatamente no caminho que pretendíamos seguir.

Nos deu um cartão, oferecendo sua casa para pernoitarmos, pois ele morava naquela cidade em que estávamos. Ele estava chegando, naquele momento com seu motor-home, de uma viagem que fizera ao norte do Canadá.

Agradecemos mas, como ainda era cedo, resolvemos pilotar mais um pouco hoje.
Não nos restava outra opção senão voltar os 120 km de volta até Prince George para adiantar um pouco, dormir lá, e amanhã encarar aquela rodovia mais longa em direção à Vancouver.

Voltamos aqueles quilômetros e pernoitamos em Prince George.

Rodamos nesse dia 680 km.
Coordenadas do hotel: N53° 54.878' W122° 45.030'

74º dia - Destino New Hazelton - Colúmbia Britânica (Canadá)

Dia 09 de julho de 2017.

Saímos cedo da pousada: 06:00h e fazia um frio daqueles. Aqui no Canadá parece que a sensação térmica é pior do que nos outros lugares frios por onde passei durante minha jornada.

Rodamos exatos 3 quilômetros na Highway 37 e já estávamos deixando para trás o Território Yucon e entrando novamente na Colúmbia Britânica, ou apenas BC.

Essa rodovia corta algumas reservas indígenas: Good Hope Indian Reserve, Dease Lake Indian Reserve e Iskut Indian Reserve) e grandes áreas de preservação ambiental - verdadeiros santuários ecológicos.

No começo ela é um pouco mal sinalizada (o asfalto é bom) mas depois de alguns quilômetros, a medida que vamos nos aproximando de áreas mais povoadas, a qualidade da Highway 37 melhora sensivelmente, e a sinalização também.

Nós pretendíamos hoje fazer um trajeto curto, cerca de 490 quilômetros até uma pequena localidade chamada Bell 2 mas como chegamos muito cedo nesse local, cerca de 12:30h, dava para rodar mais um pouco, além do que só havia uma pousada alí. Comemos algo e seguimos viagem.

A temperatura continuou muito baixa ao longo do dia todo, e o tempo intercalava entre sol e chuva.

O ponto alto desse dia foi quando a rodovia passou a acompanhar o traçado do Rio Nass. Uma estrada perfeita, acompanhando as curvas de um rio e ao fundo, após uma curva da estrada, uma montanha com o pico nevado.

Se uma imagem vale mais que mil palavras, então vamos ver como foi isso no vídeo abaixo.




Paramos, às 16:00h em um posto de gasolina na localidade de Kitwanga para abastecer e comer algo.

O interessante é que, quando ali chegamos, só tinha as nossas motos. Dali a pouco chegou um rapaz de moto e veio conversar com a gente. Não me lembro o nome dele, porém ele é suíço e estava pilotando uma BMW 1200GS Adventure. Resolveu passar uns meses conhecendo as américas de moto.
Acampa 2 ou 3 dias e fica um dia em hotel. Quando saímos, já tinha mais duas motos de pessoas que estavam viajando, motos carregadas.


Safe Ride friend!!!

 Aqui é assim, do nada começa um ajuntamento de motos.

Rodamos mais duas horas e resolvemos pernoitar na pequena cidade de New Hazelton.

Rodamos nesse dia 767 km.
Coordenadas do hotel: N55° 14.808' W127° 35.670'

quarta-feira, 19 de julho de 2017

73º dia - Destino Watson Lake (Canadá)

Dia 08 de julho de 2017.

Como falei na postagem anterior, esse caminho de volta seria, nos 2 primeiros dias, exatamente por estradas que já havíamos passado ao vir para cá, mas tem sido interessante ver a paisagem por um ângulo diferente.

Conforme combinado, acordamos cedo pois pretendíamos ir para a estrada às 06:00h.
Ontem o clima, quando chegamos no hotel em Destruction Bay estava quente, mas acordamos com uma temperatura muito baixa, cerca de 10ºC, e chovendo. O tempo tinha virado em questão de horas.

Carregamos as motos debaixo de chuva e quando fomos abastecer no posto de gasolina, junto ao hotel, o Francisco constatou que o pneu traseiro da moto dele, aquele mesmo que fora consertado na chegada em Prudhoe Bay, estava perdendo ar pelo mesmo furo. O Roger usou então outro tipo de remendo e, após mais ou menos 1 hora, resolvido o problema, saímos.

Passamos, alguns quilômetros adiante, na área do Kluane National Park, aquele da tempestade de areia que formava um efeito surreal na paisagem. Eu estava curioso para saber se aquele fenômeno acontece sempre naquela região ou se foi uma feliz coincidência que tive ao passar ali.

Tinha chovido então o efeito "tempestade de areia" não ia rolar, mas o vento que causava esse efeito estava lá, exatamente como no dia que passamos.




Combinamos de tomar café naquele mesmo local aonde, na vinda para o Alasca, havíamos encontrado o Julio Cesar, motociclista paranaense que estava voltando para casa com sua BMW 1200GS Adventure..

O nome do local é Haines Junction (na verdade o posto de gasolina e restaurante ficam uns 35 km ao sul de Haines) e tínhamos tomado ali o melhor café da manhã no Canadá quando estávamos indo para o norte.

Eu tinha um motivo a mais para parar ali: ver como estava aquele urso negro e feroz, que eu havia dominado na mão, por ocasião da minha passagem por aquele local.

Chegando lá, de longe eu avisto a fera: estava encarapitada em cima de uma mesa ao ar livre, desafiador, com certeza esperando alguém para intimidar, como tentou fazer comigo dias atras.

Caminhei com passos firmes em sua direção, nossos olhares se cruzaram, olhares desafiadores, tanto o meu como o dele. Nessa hora me lembrei dos versos de um velho poema petroleiro: "Olhos que se cruzam, ódio!"

Ele, creio que me reconhecendo, disfarçou, olhou para outro lado, se fez de "salame" - amarelou!

Dessa vez, não sei porquê, fiquei com a impressão que aquele urso não era tão grande assim.


Amarelou!!


Do lado de fora tinha uma Indian Chief estacionada, uma moto clássica, aproveitando o terreno até onde ela poderia ir.
Da cidade de Tok para o norte, as big trails reinam soberanas.

Soubemos hoje que um guatemalteco, também amigo do Roger, teve sua viagem interrompida justamente naquele trecho final da Dalton Highway, o trecho que é puro rípio (gravel).

Segundo nos contaram, a correia dentada da moto dele, um Harley Davidson Electra Glide, foi rompida por uma pedra de rípio que entrou entre os dentes da mesma. O fato aconteceu apenas uma semana antes de chegarmos em Prudhoe Bay.

O pior é que coloquei correia dentada na minha moto justamente para ter mais confiabilidade, porém creio que um dos fatores que fazem a diferença é a altura da correia da minha moto em relação ao solo e as proteções que existem, a fim de impedir exatamente a entrada de objetos entre os dentes da mesma.


Clássica e imponente, mas já no limite de seus domínios.

Dominado!!!!!

Pilotamos o resto do dia em direção à cidade de Watson Lake, aquela da Floresta de Placas e que agora tem uma cueca no seu acervo.

Paramos em uma pousada (Northern Beaver Post) que fica uns quilômetros antes da cidade de Watson Lake, pois logo adiante iríamos começar a fazer um caminho diferente da volta, tomando a partir daí a Highway 37, rumo ao sul.

Eu, particularmente, não recomendo esta pousada na qual ficamos hospedados pelos seguintes motivos:

- Extremamente cara para o que oferece (173,63 dólares canadenses por pessoa), com uma rede Wi-Fi sofrível e um quarto comum, nada de mais.

- Cobraram do Francisco 2,50 dólares canadenses por um prato, sim só o prato vazio, porquê ele pediu um espaguete e, como ele iria dividir com a Diana, solicitou esse prato, pelo qual foi cobrado.

- Na hora de pagar a conta do jantar, com o cartão de crédito, a atendente, filha dos donos, que até então era só sorrisos, ao perceber que eu inclui "só" 18% de "tip", o mínimo sugerido no visor da máquina, o que eu já considero muito, demonstrou visivelmente que não gostou da gorjeta - fechou a cara, emburrou!

E ainda colocam um aviso de "Motorcycle Friendly" na entrada do restaurante.

Rodamos nesse dia 676 km
Coordenadas da pousada:N60° 01.689' W129° 04.862'

terça-feira, 18 de julho de 2017

72º dia - Destruction Bay (Canadá)

Dia 07 de julho de 2017.

Pegamos um táxi e fomos no depósito da Lynden pegar as motos. Creio que eram cerca de 9 horas da manhã. O Carlo já foi pronto, não tinha deixado nada no hotel - tinha pressa em partir para Anchorage.

Eu, o Roger e o Francisco ainda voltamos ao hotel para pegar o resto das nossas coisas. Dali fomos para a concessionária BMW. Eu precisava trocar o óleo e filtro da moto pois já estava chegando perto dos 10.000 km recomendados para a troca.

Chegando lá fui direto no balcão de serviços e falei o que queria. O atendente, que não era o mesmo que me atendeu quando troquei o pneu da moto, só faltou me bater.

Rispidamente falou que hoje não (não entendi porquê), que voltasse amanhã à partir dás  8 horas da manhã.

Nem perdi meu tempo tentando saber porquê, em plena sexta-feira eles não podiam executar o serviço.
Esperei o Roger e o Francisco chegarem da hotel e começamos a empreender nossa viagem de volta.

Eram 12:10h quando saímos da concessionária. Já na "Purple Heart Trail", agora em direção â cidade de Tok, aonde iríamos parar para abastecer.

Pegar asfalto com o "Zé Catapora" me assustou um pouco no começo. Do nada a moto começava a balançar a frente, começava a oscilar e eu tinha que diminuir a velocidade até ela estabilizar novamente. No início eu ficava bastante assustado com esse comportamento da moto mas depois fui me acostumando.

Logo no início da rodovia pude ver, vindo em sentido contrário ao nosso, um monte de caminhões militares, com pintura de camuflagem, alguns rebocando  peças de artilharia (obuses creio eu). Fiquei lembrando que quando chegamos em Prudhoe Bay estava passando na TV a notícia de que o ditador da Coréia do Norte estava comemorando o teste de um míssil balístico capaz de atingir o Alasca.

A cidade de Tok realmente tem vocação para reunir  motociclistas aventureiros. No posto que paramos para abastecer tinha uma BMW 1200GS Adventure com um casal e outra pessoa conversando. Quando passei perto deles, para parar em uma bomba de abastecimento, eles já falaram, ao ver a placa: "uau, é de Porto Alegre!!"

Era um casal de venezuelanos, que atualmente moram na Colômbia, e mais um amigo, mochileiro creio eu. Todos eles já tinham estado em Porto Alegre e se admiraram de ver uma moto com placa de lá, tão longe.

Conversamos um pouco, tiramos fotos, nos despedimos e paramos logo mais adiante para almoçar.


Aproximadamente 140 km depois de Tok, deixamos o estado norte-americano do Alasca e voltamos ao Canadá (Yucon). Os dois primeiros dias de nosso retorno vão ser pelas mesmas estradas de ida.

Se quiséssemos fazer um caminho diferente teríamos que descer até Anchorage, seria um caminho mais longo em direção aos EUA, e para mim até interessava pois teria passado dentro da área do Parque Nacional Denali, um dos pontos mais bonitos do Alasca, acredito eu.

Dentro desse parque também fica o monte McKinley, também conhecido como Monte Denali e que vem a ser a montanha mais alta na América do Norte, com uma altura de 6.190 msnm. É essa montanha que aparece no meu perfil do Facebook e também nos adesivos que mandei confeccionar.
Ironicamente, terminei por não ver ao vivo esse verdadeiro símbolo do Alasca.

Eu optei em seguir com o Roger e o Francisco pois tínhamos passados bons momentos juntos desde que formamos esse grupo e assim, rodaríamos mais uns 2 ou 3 dias juntos.

Logo que entramos no Canadá, na pequena localidade de Beaver Creek, encontramos o Ariel Gerardo, colombiano, que está a meses na estrada com sua valente Kawasaki Versis 650, rumo ao Topo do Mundo (Prudhoe Bay). Ele e o Roger já se conheciam.





Após o abastecimento, constatei que a placa da minha moto estava presa somente pelo arame que prende o lacre do Detran, ou seja, estava quase caindo. Com a trepidação de dias e dias na estrada, além do trecho da Dalton Highway ela foi quebrando justamente na parte que é aparafusada na moto. Prendi ela com uns pedaços de arame, mais umas fitas plásticas e a partir de agora tenho que diariamente verificar se essa gambiarra está funcionando.

Quando ainda estava em Porto Alegre, fazendo os preparativos para essa viagem, fui em um desses locais que confeccionam placas e, prevendo que isso poderia acontecer em algum ponto do trajeto, tentei fazer uma placa reserva para levar junto.

Impossível, pois existe um controle  que impede que esses locais forneçam placas, a não ser que seja para substituição, em um posto do Detran. Agora, se você é ladrão de carro e clonador, consegue com a maior facilidade.




Nossa intenção era pilotar até a cidade a cidade de Whitehorse mas como havíamos saído muito tarde de Fairbanks resolvemos parar em um hotel que havia em um posto de gasolina, em uma localidade chamada Destruction Bay, cerca de 190 km adiante.

Aqui, ainda, o sol brilha até bem mais tarde e a "noite" estava bonita, ensolarada, apesar de ser quase 22:00h.






Rodamos nesse dia 703 km.
Coordenadas do hotel: N61° 15.131' W138° 48.290'

71º dia - Destino Fairbanks (de avião)

Dia 06 de julho de 2017.

Eu fiquei até quase 3 horas da manhã acordado, fazendo back-up das fotos e filmagens e arrumando as coisas que não iriam junto com a moto para Fairbanks. Não estava muito preocupado em dormir pois não iria pilotar nas próximas 24 horas.

Me fascinava, toda vez que eu ia ao refeitório pegar um café, olhar lá pra rua e perceber que, apesar de ser alta madrugada, era dia claro. Eu ficava alguns minutos olhando aquela noite iluminada pelo sol, meio que querendo reter, na minha memória, cada detalhe  daquilo que eu estava vendo.

Seguramente foi nessa madrugada que me dei conta daquilo que havia feito: saído de Porto Alegre e, de moto, chegado até ali, um percurso de 25.510 km. Foi nessa madrugada ensolarada que "caiu a ficha".

Ficamos de entregar as motos na Lynden às 10:30h da manhã. Elas só seguiriam para Fairbanks às 18:00h, numa viagem que duraria cerca de 11 horas.

Levamos as motos e acompanhamos a amarração das mesmas nos "palets". O pessoal da empresa foi bastante cuidadoso. As motos foram com todas as nossas bagagens.






A volta para Fairbanks seria feita em um pequeno avião turboélice: Bombardier DASH 8-100, com um pouco mais que uma dúzia de assentos, da companhia regional Ravn Alaska.

Hora de dizer adeus à Prudhoe Bay.


Fui tirar uma foto dentro da pequena aeronave e a comissária de bordo, que estava lá no fundo falou, quase gritando, mais de uma vez:

"Don't take photo of me!"

Pensei comigo: Sai pra lá "coisinha do mal", porquê motivo eu ia querer tirar foto de ti?

Olha ela aí, atrás de mim na foto.


Quando o avião decolou e começou a sobrevoar a região de Prudhoe Bay, nós tivemos uma visão privilegiada de como é o terreno ali, e o porquê de não se conseguir asfaltar os quilômetros finais da Dalton Highway.

A frustração e, de certa forma tristeza, que estava sentindo por estar saindo daquele lugar de avião e não pilotando a moto, sumiram quando percebi o privilégio que era poder observar aquela lugar de cima, e compreender o porquê de tanta dificuldade para chegar ali naqueles quilômetros finais.

Observe o quanto é pantanoso a região no entorno de Prudohe Bay.


A Dalton Highway e o pântano.



Chegada no aeroporto de Fairbanks.



Fomos para o hotel, o mesmo que havíamos ficado na ida.
Amanhã pretendemos pegar as motos cedo e parte do grupo vai se dispersar.
O Carlo quer ir para Anchorage, outra grande cidade do Alasca, se encontrar com um grupo de amigos dele, motociclistas também.

Devemos seguir juntos por mais alguns dias eu, o Roger e Francisco, juntamente com sua filha, Diana.

O pneu traseiro, agora batizado pelo nada pomposo nome de "Zé Catapora", vai encarar um asfalto a partir de amanhã - ele vai ver o que é bom pra tosse. Eu havia rodado com ele apenas os 800 km de ida até Produhe Bay.

O Carlo falou mais de uma vez que a única moto preparada para enfrentar a Dalton Highway, das quatro que foram até o final, era a minha em função daquele pneu. Os outros todos estavam usando pneus mais para asfalto do que para chão batido ou rípio.

70º dia - Prudhoe Bay - Reunião

Dia 05 de julho de 2017.

Nos encontramos no refeitório, cerca de 9:00h da manhã, todos reclamando de dores musculares em função do tremendo esforço que fizemos ontem, principalmente nos últimos quilômetros da viagem.

Começamos a discutir que horas iniciaríamos a volta - não tinha muita coisa a se fazer ali a não ser um tour em um ônibus até o oceano ártico, mas que para isso teríamos que fornecer os dados do interessados com 24 horas de antecedência, como descrevi na postagem anterior.

Mas o fato é que não tínhamos condições físicas, nem psicológicas, de retornar hoje. Combinamos então de fazer o retorno amanhã - eu gostei da ideia pois pretendia utilizar a lavanderia do hotel  e lavar um monte de roupas - algumas estavam cobertas de barro da jornada de ontem.

Minhas roupas estavam em estado lastimável.

As motos então, nem se fala. Nem as placas dava para identificar.


Nessa reunião no refeitório, em determinado momento o Francisco perguntou à sua filha, Diana, se ela não queria voltar de avião até Fairbanks. Ele estava preocupado devido ao risco que íamos novamente enfrentar na volta - já sabíamos o que nos esperava.

Ela disse que preferia continuar com o pai, retornar com ele.

Então, alguém (não lembro quem) aventou a possibilidade de mandar as motos através de uma transportadora para Fairbanks, e todos voltarem de avião.

A ideia lançada agradou a todos, pois todos tínhamos passados momentos difíceis na vinda para cá. Se ao menos um de nós tivesse "tirado de letra" aquela travessia, talvez tentasse convencer os outros de voltar rodando, mas todos nós tínhamos passado muita dificuldade para chegar até ali.

Estava trabalhando na manutenção do hotel o Ervin, um rapaz com dupla cidadania: norte-americano e guatemalteco. Falava bem o inglês e o espanhol.

Peguntamos a ele se conhecia alguma empresa que pudesse fazer o transporte das motos até Fairbanks. Ele conhecia e, enquanto saíamos para tirar a foto "oficial" em frente ao "Produhe Bay General Store", ele fez uma busca para nós sobre preço e horários para despacharmos as motos de caminhão.
Thank you Ervin!

Saímos com as motos e fotos até o local oficial onde todos colam seus adesivos, tiram fotos e compram um souvenir do local:  Prudhoe Bay General Store.







Lembram que eu disse, na postagem de ontem, que esse local era observado pelos olhos atentos, "quase invisíveis", de todas as agências de segurança norte-americanas? Então, observando bem de perto, olha só quem colou seu adesivo aqui também.


Tinha também esse casal de canadenses marcando presença.

Depois paramos no único posto de combustíveis do local para abastecer: USD 4,80 o galão.


Quando chegamos de volta ao hotel/alojamento, o Ervin veio com a notícia: a empresa Lynden podia transportar nossas motos, cobrando USD 0,50 por libra, sendo estimado que cada moto pesava em média 500 libras, o que daria aproximadamente uns USD 250,00 cada moto.

Fomos então até a empresa a fim de saber se poderíamos despachar as motos hoje mesmo. Não dava, teria que ser no dia seguinte. Ficamos então de levar as motos amanhã até lá para despachar.

Na sequência fomos na agência de viagens que fica dentro do hotel para comprar as passagens para nós. Tínhamos a informação que a passagem aérea até Fairbanks ficaria em torno de USD 150,00, só que lá chegando, o preço era de USD 380,00, mais taxas. Estava ficando cara essa brincadeira.

Novamente surgiu o debate se não poderíamos voltar de moto. Foi comentado que, se alguém se acidentasse na estrada, o valor para despachar a moto mais a passagem aérea poderia ser barato em função dos custos de uma remoção de um acidentado desse lugar distante.

Em 2015 os gêmeos Juliano e Eduardo Generali, que trabalham no Brasil como instrutores de pilotagem e ministram cursos off-road para Big Trails e também como guias de viagem em grupo para vários destinos de aventura na América do Sul (Deserto do Atacama, Salar de Uyuni, Patagônia, etc) fizeram a rota Brasil/Alasca. 

Na volta de Prudhoe Bay, aqui na Dalton Highway, um deles caiu, quebrando a clavícula, tendo sido resgatado de helicóptero do local.

Aqui está o link do vídeo da viagem deles, inclusive o relato do acidente. O vídeo é longo mas se você quiser ver o relato do acidente vá direto para aos 37 minutos do vídeo.

https://www.youtube.com/watch?v=B8poJ8wdLLI&t=2338s

Se esses dois pilotos, que são do ramo do motociclismo de aventura, no mínimo uns vinte e poucos anos mais novos do que nós,  conhecedores de muitas técnicas de pilotagem em qualquer terreno, tiveram dificuldade em sair daqui, inclusive se acidentando, o que sobra para nós? 

Eu já havia alcançado o que havia me proposto: viajar de moto do Brasil até Produhe Bay. Missão cumprida. Sozinho eu não encararia aquela estrada de  volta.

A decisão então foi tomada: amanhã despacharíamos as motos pela Lynden até Fairbanks e compramos as passagens de avião para nós, com saída amanhã às 13:25h - vôo direto de Prudhoe Bay até Fairbanks.

O interessante é que, de tarde, encontramos no refeitório um casal de motociclistas, ingleses, recém chegados da estrada e estavam limpos, ela inclusive estava vestindo uma calça jeans, não se parecendo em nada com o estado das nossas roupas quando aqui chegamos ontem.

Isso comprova, mais uma vez, que as condições da Dalton Highway podem mudar radicalmente de uma hora para outra, tanto para melhor, quanto para pior. 

Nós, infelizmente, conhecemos o lado ruim da Dalton Highway.


sábado, 15 de julho de 2017

70º dia - Prudhoe Bay - a estrutura do hotel.

Dia 05 de julho de 2017.

Resolvi dividir a postagem desse dia em duas partes. Nessa primeira quero falar um pouco sobre a estrutura do Prudhoe Bay Hotel onde, creio que, a maioria dos motociclistas que fazem essa aventura se hospedam, e tão pouco falam sobre o local.
A segunda postagem sobre será sobre o nosso dia aqui e a decisão sobre a volta.


Para acessar as instalações do hotel você passa por uma espécie de ante-câmara onde deve tirar os calçados com os quais veio da rua ou colocar um protetor plástico nos sapatos (descartáveis) que ficam em uma caixa de papelão nessa ante-câmara.

As acomodações aqui são bem simples  e eu fiquei em um quarto pequeno, dividido com o Carlo (belga) e o preço por pessoa foi de USD 130,00. O banheiro fica no corredor, nas alas, que aqui são denominadas "wing" (asa). As janelas dos quartos são tapadas com um grosso plástico preto, coladas com fita "silver tape" para impedir a entrada da luz do sol que aqui, nessa época do ano, nunca se põe.
Como essa estrutura é destinada aos trabalhadores da indústria petrolífera, que trabalham em turno de revezamento de 12 horas, esse "escurecimento" do quarto se faz necessário.

É um quarto simples, com duas camas.

Vejam no detalhe da janela tapada com um plástico preto.

Dentro do quarto que ficamos tem uma placa escrita "Day sleeper" para ser colocada do lado de fora do quarto, a qual indica que aquele "hóspede"  trabalhou à noite e não deve ser incomodado, ou seja, não se deve fazer barulho nas "wings" do hotel/alojamento e nem a camareira deve acessar aquele quarto, enquanto a placa estiver do lado de fora.


Wings

O preço da diária (USD 130,00 p/p) inclui todas as refeições, em um restaurante/refeitório que fica aberto 24 horas. Qualquer hora do dia ou da noite você pode ir lá e comer o que tiver vontade.

Tem também várias lavanderias, creio que uma em cada "wing", com sabão, lava-roupas e secadora, também sem custo algum para os hóspedes.


Eu usei para lavar duas "bateladas" de roupas - estava precisando.

O café da manhã, almoço e janta tem horários pré-definidos e a comida é muito boa com uma variedade enorme de pratos.

Na entrada do refeitório tinha essa bandeira americana. Eu batia continência para ela toda vez que entrava no refeitório, nunca se sabe né????

Fora do horário "oficial" das três refeições, pode vir no refeitório e comer o que estiver disponível, a qualquer hora do dia ou da noite.
Salgadinhos.....

Frutas, iogurtes, sanduíches, pratos congelados para esquentar no microondas....



Cookies e donuts.

Bolos e pudins.

Refrigerantes, chás, café (sempre fresquinho), cereais, leite, tudo à vontade.

Comecei a ter uma ideia da importância que as reservas petrolíferas desse local tem para os Estados Unidos quando um de nós foi perguntar a respeito de um tour que existe para visitar o Oceano Ártico, no qual não se pode ir sozinho, tem que ser acompanhado.

Esse tour custa, se não me engano, sessenta e poucos dólares e é preciso fornecer os dados dos interessados com 24 horas de antecedência, por questões de segurança. Foi aí que comecei a juntar as peças e compreendi que esse fim de mundo está sob os olhos atentos e, quase, invisíveis de todas as agências de segurança norte-americanas, devido à importância estratégica que esse volume de petróleo aqui produzido representa.

Não é a toa que existe aquela Base Área (Eielson Ai Force Base) entupida de aviões de guerra nas cercanias de Fairbanks, que relatei na postagem do 68º dia.

Os trabalhadores daqui são muito bem remunerados. Ontem, enquanto aguardávamos na estrada a nossa vez de passar em um trecho em obras, o trabalhador que controlava o tráfego, com aquela placa de "Stop" ficou conversando com a gente. Ele é porto-riquenho e trabalha 14 x 14 ali em Produhe  Bay (como todos os demais trabalhadores).

Ele disse que ganha cerca de USD 10.000,00 ao mês e faz isso durante 3 meses ao ano. No caso dele, existe um adicional de insalubridade em função de que o material daquele rípio que eles estão sempre repondo (e molhando para minimizar a poeira), e ao qual ele fica exposto durante as 12 horas do turno dele é extremamente prejudicial à saúde, cancerígeno.



Falando com a senhora da recepção do turno do dia no hotel/alojamento, perguntei se ela gostava de morar ali, naquela localidade.

Ela me olhou com uma cara de "Como assim cara-pálida?"

Me disse que morava em Idaho, e que ninguém morava ali. Todas as pessoas que ali estavam trabalhavam duas semanas e iam embora para suas casas, em diversos pontos dos EUA.

"Aqui é uma área de segurança nacional, ninguém pode morar aqui" completou ela.

Só os ursos, pensei eu.

Na recepção do hotel tem uma foto advertindo quanto à presença de ursos em toda a área de Produhe Bay.

"Is this a joke?" perguntei.

"No, absolutely, it's serious¹"


Tem também uma agência de viagem, caixa eletrônico (ATM), uma cantina com produtos à venda (creio que bebidas alcoólicas).

Em frente ao hotel fica o aeroporto - dá para ir a pé.